Uma infinidade de bandas e músicos conquistou meu respeito e verdadeira adoração esse ano. O que é meio complicado quando o "estilo" foge um pouco do que eu costumo ouvir/curtir. Mas aí tem esse meu amigo Luís Gustavo, que tem um gosto musical parecido comigo e que já me fez viciar em pelo menos umas quatro bandas. Entre essas bandas está a Supercombo. Digamos que num primeiro momento a banda não me agradou muito: foi necessário eu ver um cover de uma música deles pra derreter o gelo. E eu derreti. A Supercombo foi me conquistando aos poucos com suas melodias bem trabalhadas, passeando pelo eletrônico. Sem contar com o vocal do Léo Ramos que é incrível. Apesar do pouco tempo de estrada (a banda existe desde 2007), eles já têm três trabalhos lançados: Festa? de 2008, um EP que leva o nome da banda e saiu ano passado e o excelente Sal Grosso que saiu do forno em 2011 e ainda tá quentinho. Meu amigo Luís e eu estamos ansiosíssimos para que essa turnê deles passe por Santa Catarina. E como estamos.
Ficou curioso pra saber mais sobre esses guris do Espírito Santo? Aqui ó:
facebook.com/supercombooficial
www.supercomborock.com.br
@Supercombo
Enjoy!
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Happy new year
2011 já tá quase no fim e eu fiquei aqui tentando recapitular alguns dos acontecimentos mais marcantes desse ano que, pra mim, foi uma grande porcaria. Fiz coisas que me envergonhariam pelo resto da minha vida, talvez nem tão graves, mas sou meio exigente comigo mesma. Mas como nem tudo é uma grande tragédia, aconteceram também coisas divertidas pra compensar. Estive em vários lugares esse ano. Várias cidades, bares, histórias, cervejas e ressacas. Vi shows incríveis e a maioria me proporcionou aventuras que não podem ser comentadas aqui. Conheci pessoas maravilhosas e que pretendo manter amizade pelo resto da vida. Viajei bastante e senti bastante saudade de casa também. A parte boa do ano foi intensa; não existe melhor adjetivo pra descrever. A metade ruim também foi: tranquei um semestre da faculdade, fiquei meio confusa e perdida. E confesso que isso resultou numa sucessão de cagadas gigantescas. Acontece. Vi pessoas virarem a cara pra mim por eu escolher ficar ao lado dos meus amigos, por optar priorizar o que era mais importante e verdadeiro. Paciência. Teve a catástrofe da enchente que fez com que eu sentisse um carinho por Rio do Sul que eu não imaginava sentir. Enfim, foi um ano de altos e baixos. Não espero que 2012 seja melhor e aquela coisa toda de renovação e blablabla. Só espero sinceramente não achar a vida tão merda e fazer tanta besteira como eu fiz esse ano. Não vou fazer planos, mas posso fazer alguns pedidos: quero mais viagens, mais pessoas, mais músicas, mais fotografias e mais serenidade. E que venha (logo) 2012.
domingo, 11 de dezembro de 2011
São poucos os blogs que eu ainda leio pensando "poxa, queria ter escrito isso". Peguei um pequeno texto de um deles que eu achei que se encaixaria na minha bagunça:
Decida o que deve ser maior na sua vida, Alice. A coragem para ser o que tiver que ser ou o medo que te esconde no conhecido. Não vacile na indecisão tão sua. Se fosse eu você, me armaria da coragem fornecida por algumas doses de vodka. Você já pagou pra ver e agora só te resta aguardar os dividendos. Olhe em volta e, mais que isso, enxergue. Porque às vezes as coisas boas podem acontecer. E ó, elas acontecem. Não seja tão teimosa, insegura, pessimista. Ouça menos pessoas, escute mais seu coração. Try harder, Alice.
And make it work.
Decida o que deve ser maior na sua vida, Alice. A coragem para ser o que tiver que ser ou o medo que te esconde no conhecido. Não vacile na indecisão tão sua. Se fosse eu você, me armaria da coragem fornecida por algumas doses de vodka. Você já pagou pra ver e agora só te resta aguardar os dividendos. Olhe em volta e, mais que isso, enxergue. Porque às vezes as coisas boas podem acontecer. E ó, elas acontecem. Não seja tão teimosa, insegura, pessimista. Ouça menos pessoas, escute mais seu coração. Try harder, Alice.
And make it work.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Sábado à noite
A solidão pode até servir para alguma coisa quando se trata de uma opção. Você pode optar pela reclusão e ler um bom livro, ver um bom filme ou simplesmente não fazer nada. Às vezes sinto preguiça de socializar. Por mais que odeie ficar sozinha. Veja bem: estar só é diferente de sentir-se só e isso independe de companhia. Você pode se cercar de pessoas incríveis e mesmo assim sentir-se perdido. Só de ter por perto pessoas que não são "losers" como você já é um grande começo. Além do que, existem coisas que vêm à tona mesmo quando a solidão é opcional. Ficam se debatendo, querendo sair. Coisa de gente solitária, entende?
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Não sei se foi a proximidade das datas ou se foi o fato de eu lembrar disso que me fez pensar. Te vi como vilão por muito tempo. Mas sabe, aquele papo de afastamento ajuda mesmo a superar. Só que eu nunca cogitei a hipótese de pensar em como você se sentiu, em como você via as coisas. Como você me viu naquela situação há mais ou menos dois anos. Alguém que era, de certa forma, dependente emocionalmente de você. Foram tempos difíceis e o clichê da "pessoa certa na hora errada". Porém, por mais que goste de pensar que tudo ocorreu no momento certo, tenho minhas dúvidas. Eu também fui vilã, também fiz coisas erradas contigo, agi de modo infantil. Foi até ingrato da minha parte. Mesmo depois de todos os tropeços, não guardo rancor. Queria poder te dizer isso pessoalmente, coisa que as circunstâncias impedem. Hoje não somos mais que estranhos, fato. Gostaria que soubesses que sou extremamente grata pelo que fizeste por mim naqueles tempos sombrios. E que sem teu ombro eu talvez não teria conseguido chegar até aqui. Gostaria de dizer também que isso se sobressai em vista daquilo que foi feito de errado. Porque eu também errei, e muito. Não é pra buscar algum tipo de redenção, apenas pra dizer que eu jamais poderei esquecer quem esteve ao meu lado no pior momento da minha vida. Desculpa e muito obrigada. Por tudo.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Leave it.
Olhei para aquela bacia cheia de pipoca com calda de chocolate e pensei: não vou escrever. Tarde demais, cá estou eu num misto de insônia e frio reportando pensamentos que não interessam a ninguém. Vim com tanta sede ao pote que esqueci sobre o que iria vociferar desta vez. Tinha prometido não mais gastar meus pensamentos, palavras e até sonhos com quem não tivesse disponibilidade de, no mínimo, mostrar que se importa. Porque eu mostro. E eu me importo. O fato é que o universo é sacana e tem mania de me colocar no mesmo exato lugar e situação de antes. Seria cômico se não fosse perverso. Tomo o "universo" por eu mesma. Adoro uma situação complicada, adoro fantasiar e até sofrer um pouquinho. Porque sabe, quando machuca é melhor, é poético. Não. Tenho a mania estúpida de colocar as pessoas num pedestal e velar todo e qualquer possível defeito da mesma. Aí crio "laços" imaginários, relações que existem somente no onírico e que mal ultrapassam a linha da minha mente com o real. Dá nojo de ver o quanto "inventamos" pessoas e o quanto de tempo perdemos esperando que lá na frente, que um dia elas se tornem ou que elas retribuam aquilo que fazemos por elas. Quando alguns lugares se tornam familiares, tenho mania de criar neles vínculos além dos que já existem, motivos a mais. Na verdade, os que tenho lá já me bastam e são lindos. Onde viemos parar que o mínimo de atenção que te oferecem já é o suficiente pra você desejar alguém? É a última parada, acho que não consigo esquecer a forma como as coisas foram naquele sábado chuvoso. Rancor, você saberia. Não existe nada e o teu sorriso? Teu sorriso desaparece junto com teus cabelos. Eu quis conhecer, quis ver e sentir. Mas o que esperar de alguém que não quer se deixar conhecer? É normal ficarmos mais velhos e covardes? Os covardes são pó pra mim, são escória. Gente que tem medo de sentir? Não condeno, também já fui de desligar emoções. E todo aquele papinho de valorizar e blablabla. Agora não sei até que ponto é verdadeiro. Não sei mais. Só de esbravejar e tentar decifrar pela última vez esse enigma ou tentar sentir uma ponta de ódio já mostra que existe algo. Em mim, só em mim. Como aquela noite fatídica naquele pub. Ou quando me ignoras com um sorriso que me dói até os ossos. O lado racional segue repetindo que pra mim não há vantagem, chega. O passional repete "só mais uma vez" bem baixinho no pé do meu ouvido. Seguindo um ou outro, termina. Termina o que nem começo teve, termina o que eu inventei pra não esquecer o que é gostar de alguém. E mesmo que fosse alguma coisa, mendigar qualquer tipo de afeto é ridículo até para alguém como eu. Foi um dia horrível e um texto idem. Mas mesmo "isso" existindo somente nas minhas palavras tolas e na minha imaginação, fica fácil saber quando nos importamos além do que deveríamos. Memorizei tudo o que pude, o que o álcool me permitiu. Abraço, beijo, os cabelos molhados e a música. Te vi virar a esquina e ali parada atrás da porta, com os olhos marejados pensei comigo mesma: isso já foi longe demais. E foi mesmo.
Como parar?
Como parar?
terça-feira, 15 de novembro de 2011
De repente você percebe que ama coisas que te fazem mal e que quase mataram uma parte de você. É como tomar uma dose de veneno todos os dias, até que não dá mais. Você quer se curar porque ainda há tempo. Porque pode fazer a diferença na vida das pessoas de outra maneira, menos vulgar eu diria. Dizer "não" tem um poder imenso e esse é só o começo. Quem sabe sejas o antídoto, quem sabe.
domingo, 13 de novembro de 2011
Nada (im)pessoal
Você escreve qualquer coisa em alguma dessas redes sociais e automaticamente as pessoas acham que te conhecem a fundo. Acham que sabem seus gostos, seus medos, que conhecem seus amigos. Bem sabemos que isso não é verdade e que essa falsa intimidade atrapalha muitas vezes. Você pode ler o que eu escrevo e achar que me conhece muito bem quando na maioria das vezes o que parece exposição exagerada é camuflagem. As pessoas abriram mão do contato. Abriram mão de ouvir a voz, de sentir o cheiro, de dialogar, de abraçar. Muitas vezes o que aproxima também afasta, tornamo-nos vítimas do que deveria ser apenas um "complemento", um reforço nas relações (principalmente naquelas em que a distância física atrapalha). Esquecemo-nos de como é bom estar perto de verdade e de como é o olho no olho, o toque. E de como é bom uma gargalhada real e não somente uma sequência de caracteres digitados aleatoriamente. É preciso mais telefonemas, mais cartas, mais calor. Impessoalidade demais esfria a gente, sabe?
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
E se não der?
Eu choro ou continuo num faz de conta?
Ainda no clima de um dos shows mais meigos do ano. E do final de semana mais intenso do ano também.
Ainda no clima de um dos shows mais meigos do ano. E do final de semana mais intenso do ano também.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Terceira pessoa
A escolha das palavras é feita meticulosamente. Para ele pouco importa: com certeza não a vê da mesma forma que ela o vê. Rodar vasculhando as palavras que se encaixem perfeitamente para, no fim, nunca dizer o que quer. Olhar para trás e ver que aqueles meses trouxeram uma sucessão de "nadas" até que tropeçou nele. E que ele viria a figurar naquela lista de motivos para visitas mensais em cidades vizinhas. É evidente a tentativa. Tentativas que se repetem e sensações que ela sabe de cor. "Infinitos variáveis", lembra? Tem a ver com trincheiras em chamas e aquela coisa toda. Não é recíproco, quem sabe nunca será. Aí ela lembra de Maria Elena dizendo que "só o amor não idealizado pode ser romântico". Ela queria que aquelas poucas horas fossem diretamente proporcionais à distância. Já não sabe mais se esse afastamento físico seja o espaço necessário para idealizar ainda mais a figura dele. Idealizar o sorriso, o senso de humor, as camisetas legais e as mãos que preferem ficar nas minhas enquanto dirige. Antes fosse só isso: alguma insanidade e o álcool a deixam na dúvida se algum dia ele poderia vê-la de outra maneira. Daqui a um tempo pode arrepender-se de ter se exposto. Guarda tudo para a próxima vez, sempre a próxima vez. Refere-se a ela mesma na terceira pessoa só pra não tornar ainda mais real o que já é evidente. Vai fazer mais ou menos 48 horas desde que nos vimos e aqui cabe a primeira pessoa, para dizer com toda sinceridade: por favor, não me esqueça. Eu já não vejo a hora de te ver de novo.
Você me deixa na ponta dos pés.
Você me deixa na ponta dos pés.
domingo, 30 de outubro de 2011
"I have decided to be happy, because it is good for my health."
Dissertar sobre a leveza das coisas não é atraente, sabemos disso. Uma grande catástrofe, a solidão, uma decepção forte são bem mais sedutoras: é dali que saem nossas palavras mais bonitas. Mas eu decidi, pelo menos por um tempo, me abster da auto-sabotagem em detrimento dos escritos. Tem sido um tempo bom, com companhias agradáveis, notas boas na faculdade e gargalhadas gostosas. E bem por isso, no meio desse alto astral todo lá surge ela, de óculos escuros e chapéu de praia: a ansiedade. Ansiedade é tipo aquela tia fanfarrona que chega na sua casa e não pára de falar. Não te deixa quieta e gosta de estar presente em tudo: desde a hora que você acorda até a hora de dormir (se é que você vai conseguir dormir porque a "tia" tem uma vozinha estridente irritante). Mas ela não é de todo ruim, o frio na barriga que antecede algum acontecimento ou viagem é muito gostoso de se sentir, por exemplo. O ruim é quando aparecem as expectativas. Essas sim são traiçoeiras! Uma amiga não poderia ter descrito melhor: "O problema não está no comportamento dos outros, mas sim nas suas expectativas. Não espere deles o que você faria, ou faz por eles, diminua suas expectativas acerca dos demais, e perceba a diferença." É fato: esperamos demais dos outros. Às vezes nossas vontades são maiores e saímos culpando meio mundo e a Tia Ansiedade por não termos conseguido "superar" nossas expectativas e nos frustramos à toa. Deixa ser. Quando estamos "leves" atraímos coisas boas pra nós, cada dia mais acredito nisso. E nem depende que aconteçam coisas extraordinárias: é preciso pouco pra estar feliz. É difícil ser simples, mas à medida que as pequenas alegrias se tornam presentes, tudo fica mais bonito. Ando contente e decidi: nada vai manchar esse estado de espírito gostoso em que me encontro e ponto final.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Sei lá
Eu sinceramente não sei qual será o dia em que as palavras aqui proferidas deixarão de vir com data de validade. Essas pequenas já nascem vítimas de efemeridades. Parecem ficar guardadas junto com uma coleção de sorrisos perecíveis num cantinho do meu subconsciente. Aguardo ansiosamente o dia em que poderei deixá-las quietas, sem precisar montar mosaicos verbais procurando algum sentido nisso. Até porque, eu duvido que exista algum.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
As opiniões alheias só começam a incomodar de verdade quando a opinião de apenas uma pessoa importa. Você não sabe se foge, se tenta se cobrir com alguma capa protetora para se manter seguro de possíveis erros. Você só espera profundamente que os tropeços anteriores não a façam desistir, porque não há como apagar isso. Não há como, de repente, você consertar tudo de ruim que fez até aqui. Você torce pra que essa única pessoa te aceite como você realmente é. Cruza os dedos, faz figa. Porque não quer nem pensar no que poderia (não) acontecer se caso ela não aceitasse...
It's driving me mad.
It's driving me mad.
domingo, 2 de outubro de 2011
À prova d'água
Esperei exatos dois meses. Ensaiei, escrevi e ouvi tudo que pudesse me remeter à você. Marquei possíveis encontros mentais e todos deram errado. Até que, por uma forcinha do destino, estavas ali presente com aquele sorriso atencioso que por sessenta dias eu fechava os olhos pra ter comigo. És, para mim, uma incógnita. Não sei se te idealizo, se as pinturas mentais que tenho de ti fazem jus ao que realmente és. Aí tu me apareces e mostra, indiretamente, que sim. Se todos os meus diálogos ensaiados dessem certo, te diria que adoro quando te vejo. Se minha timidez permitisse, te responderia que adoraria que você viesse à minha cidade mais uma vez (ou infinitas vezes) e que minha casa está sempre aberta. Diria que ninguém até então tinha conseguido furar o escudo invisível que construí para me defender como tu conseguiste. E que ninguém, até o presente momento, tinha tomado de assalto meus pensamentos. Diria que, apesar de seres uma incógnita, tem um sorriso lindo. Que adoro teus cabelos. E que eu me sinto uma babaca por não saber dialogar decentemente contigo cada vez que me diriges a palavra. Queria te descobrir. Queria te mostrar coisas da minha personalidade que talvez te fizessem rir. Te diria que eu não entendo muito de cinema, mas que poderíamos assistir todos os seriados possíveis. Que te escreveria coisas lindas. Que ainda quero te ver acordar mais vezes... Enfim, demonstraria mais. Deixaria de criar situações utópicas e agiria. Talvez o que escrevo já demonstre. Ou talvez seja pouco. Viajei quatros horas pensando nisso. E na saudade antecipada que sentiria do lugar que estava voltando. Engolia o choro e o suco de uva com maestria, até que transbordou. Não me contive. Quem sabe deva me conter menos nesse aspecto mesmo. Ainda bem que o rímel era à prova d'água.
"Qualquer coisa que precisar, dá um toque."
Eu preciso.
"Qualquer coisa que precisar, dá um toque."
Eu preciso.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Não houve amanhã
Sempre lembro da minha mãe quando deparo-me com a sincronicidade das coisas. Lá fui eu ler o tal livro. Certa vez disseram-me que alguns livros "vêm pra nós na hora que precisamos". E não é que é verdade mesmo? Achei que talvez o título viesse a calhar; têm sido difíceis esses últimos dias. Ainda resta uma esperança. Sim, esse era o título do tal livro. Mal comecei a leitura e, de fato, era perfeito para a situação. J. M. Simmel soube descrever perfeitamente: "Podia-se ignorar tudo que abalava os ânimos, por algum tempo, mas seria impossível manter-se alheio para sempre. A todos, justos e injustos, forças inconcebíveis que os homens chamavam de "circunstâncias", acabavam obrigando a tomar partido, o que era uma desgraça enorme, pois a maioria dos homens tinha perdido essa capacidade quase por completo." Algumas das coisas que acabam com a minha crença na humanidade é o egoísmo. São nas condições adversas que muitas vezes revelamos nossa verdadeira face. E eu vi muitas faces egoístas quando deveria ser mostrado o mínimo de humanismo. Aquele velho e conhecido "se importar". E é decepcionante. Diante do caos, considero-me sortuda. Como alguém que já passou por maus bocados posso dizer com certeza: depois das dificuldades, aprendemos a lição. Porém, a tendência é esquecermos de tudo, soterrando o aprendizado em meio à trivialidades cotidianas. É preciso que coisas ruins aconteçam para nos despertar para algo novo. Mudanças estão vindo e teremos que nos acostumar a elas. Eu que sempre me considero desafortunada, desta vez agradeço por ter quem eu tenho e o que tenho na minha vida. Em meio à tanta coisa ruim, só nos resta prestarmos atenção nos seres iluminados que temos perto de nós e deixar que o resto se afogue no próprio egoísmo. É ali que está o que vale. Vai ver Simmel tem mesmo razão...
terça-feira, 6 de setembro de 2011
A maior idiota do mundo
Hoje foi um daqueles dias em que tu te sente um fracasso retumbante. Pior: a personificação do fracasso. E a merda se intensifica quando tu te vê incapaz de realizar coisas que deveriam ser simples. Mas não são. Ou são, eu é que devo ser uma anta mesmo. Fruto daquelas escolhas feitas em meio a frangalhos de mim mesma, num momento de quilos a menos e recém rompimentos. Bem feito. Passado da metade do processo, vou até o fim. Não há nada a ser feito: foram gastos dinheiro, tempo e quilômetros. Mas que a frustração toma conta cada vez que um pedregulho imenso que eu não consigo exlplodir avança, ah isso toma. Pepinos gigantes em forma de trabalhos acadêmicos que não são a minha praia. Nunca foram. Aí aquelas dúvidas existenciais te engolem, te fazem perguntar "por que, por que?". Veja bem: publicitária. Nem combina comigo. Mas já disse, vou até o fim. Mesmo exaurida. E nesse dia vazio e caótico que fizeram inclusive uma menção duvidosa (e quase desreipeitosa) sobre preferências sexuais alheias eu só tenho a dizer uma coisa: ingenuidade, eu sou tua garota. As pessoas possuem uma mania infinita e enfadonha de tentar classificar tudo quanto é coisa. Tentam fazer de ti o que não és. Tenho tido cada vez menos paciência, cada vez menos tato. Falta de paciência oriunda de ter que pensar demais nos outros, cuidar demais de tudo pra nada sair do controle. Queria que alguém se importasse pelo menos um pouquinho comigo como eu me importo. Mas sabe quando isso vaio acontecer? Nunca. Porque ninguém pensa em quem está sempre ali pra tudo. Quisera eu puxar o fio da tomada e me desligar. Impossível. Ensinaram-me a ser a filha mais velha, a responsável, a comedida. E quando me dei ao luxo de ser um pouquinho eu mesma, me ferrei. Ando cada vez mais convencida de que a vida não é pra mim, que qualquer possível cagada ainda é luxo na minha existência. Deve ser o peso dos quase vinte e um. Deve ser o peso das escolhas que fiz em detrimento dos outros; outros esses que tornaram-se ingratos. Em dias como hoje em que dá tudo errado, isso fica latejando. O arrependimento pulsa forte. Quando não temos mais quem sinta orgulho de nós, qualquer caminho serve. Não sei como não enlouqueci (mais). A mente segue cantando: "nobody will love you". É, por aí. Sou uma idiota mesmo. A maior de todo o mundo.
sábado, 3 de setembro de 2011
"Você lustra minhas linhas quando estão empoeiradas demais. Talvez seja o único, creio que seja. Há um esforço dentro de você para que eu não esqueça quem eu sou. Devíamos dividir mais bares, mais cidades, mais livros. Eu não devia ser tão egoísta, mas essa já é outra questão: coisas que devíamos ou não devíamos ser. Ou o que eu devia ou não devia ser. Me empolgo às vezes quando escrevo e acabo falando-fugindo, sabe? Como numa obsessão para falar como me sinto. Desculpe, esses quatro graus lá fora deixam qualquer um tomado por sentimentos que dão pontadas querendo sair ou por vinho barato."
Texto que não é meu, mas que faria total sentido se você quisesse.
Texto que não é meu, mas que faria total sentido se você quisesse.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Nothing
Dias compostos de pequenas e doces esperas. Aquelas esperas com "cheiro" de brisa do mar. Esperas renovadas. Em meio ao cotidiano, ao frio, remédios para a dor, problemas familiares, trips diárias, guarda-chuvas, roupas pretas e cachecóis, noites sem dormir, uma independência que aprisiona, céu azul, telefonemas, contas, livros na estante, The Dear Hunter, bandas novas, Martha Medeiros, trabalhos de faculdade, canhotos de passagens, estrada, faróis, saudade, fones de ouvido, cabelos mais curtos, medo, insônia, café, faixa de pedestre, fotos, cerveja, risadas, cachorro-quente, Porto Alegre, chocolate, janelas, escuro, aborrecimentos, palavras, ematomas nas pernas, mãos ressecadas, roupão, morangos e banhos relaxantes, eu espero. Eu ainda espero.
domingo, 28 de agosto de 2011
Unknown
Estranho como existem pessoas que não conseguimos "ler". Ainda mais pra mim, exímia observadora do comportamento humano. Decodificar gestos e palavras alheias não é difícil, mas existem aqueles seres que são difíceis de ser interpretados. Quase impossíveis eu diria. É instigante e encantador. Faz querer descobrir mais, sabe? Faz querer. Daqueles que só se sabe o nome, qualquer pequena informação reveladora é luxo. Só tenho medo daquele mistério que aprisiona. Daquele silêncio brutal que nos acorrenta à insegurança. Me apropriando das palavras da escritora Martha Medeiros: Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós - e este "nós" inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou. Nunca entendi essa necessidade de falso controle sobre os outros. Que seja um mistério bom e que não me apavore, não tenho paciência pra isso. Embora ache lindo. Ah, o paradoxo.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Erase, replace.
Foi a primeira vez que apaguei algo que escrevi aqui. Talvez por vergonha ou talvez por achar que "não, bobagem, isso nunca". É incrível como ficamos tímidos na hora de escancarar algo que inevitavelmente transborda. Ou transbordaria se não fôssemos idiotas e tentássemos conter emoções e sufocar sentimentos. Já não é a mesma coisa. Você sente como se tivesse pulado etapas e que algo parou. Há essa muralha gigantesca que precisa ser destruída antes de chegar a um lugar bonito. Às vezes você tem a impressão de que ela só aumenta e contorná-la já não é o suficiente. Cansa. Você se sente exaurido e incapaz muitas vezes. Sabe o que eu realmente queria? Era parar de procurar. Só sentar e esperar por aquele par de mãos que se estenderiam pra mim. E que achasse sentido na minha existência quando nem eu mesma acho. Ou talvez sejam só devaneios, visto que já passa de uma hora da manhã e eu estou aqui misturando todos os pronomes pessoais possíveis. O único desejo que pode ser atendido agora é o de dormir e sonhar com alguém como "alguém". Já que aqui não cabe o pronome "você" porque não existe ninguém além do "eu" que possa um dia se tornar "nós".
sábado, 6 de agosto de 2011
Antecipação
Diante dessa saudade antecipada que sinto, só me resta espaço para simples pedidos: que eu não me acomode e que sobre tempo e disposição para matá-la com abraços e palavras doces. E só.
Vou sentir tanto a tua falta.
Vou sentir tanto a tua falta.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Every night I feel miserable.
Às vezes nem eu sei como aguento o jeito que algumas pessoas me tratam ou como eu deixo sempre de pensar em mim pra tentar fazer quem eu amo feliz. Penso que de tanto levar patadas, você acaba adquirindo algum tipo de proteção e chega uma hora que não dói mais. Não dói mesmo e aí entra em cena a indiferença que faz com que eu me esquive e evite qualquer tipo de confronto. Nunca vou bater de frente com ninguém. Porém não posso dizer que esses sapos que eu engulo vez ou outra descem facilmente pela minha garganta. Quando tratamos mal uma pessoa, não fazemos ideia do quão pequena ela se sente. E essa patada dói mais quando vem de onde menos se espera. Hoje me senti do tamanho de um grão de areia.
sábado, 30 de julho de 2011
Fingerprints
Como de costume, os cabelos eram o alvo do seu nervosismo. Trazia no corpo somente o cansaço. Dessa vez nada de errado, além do risco de serem pegos no corredor do prédio. Talvez não fosse ele mas, de alguma forma, aquilo despertou-lhe algo até então esquecido em algum lugar secreto. Ou apenas soterrado por algumas outras precariedades. Viu que sentia falta de algumas coisas reais, embora o real sempre a fizesse ter medo. Medo esse que justificaria qualquer tipo de ação infundada ou julgada de forma errada por quem não tem disponibilidade e vontade de ir além, de conhecer de verdade. Sentia-se à vontade pra compartilhar alguns pensamentos mesmo que isso fosse parte de um possível plano bem elaborado e executado com perfeição no final. Mesmo assim não deixaria de ser algo bom. Pelo menos por aquelas horas. A inconstância tem perdido seu lugar para a necessiadade de coisas duráveis e construtivas. Coisas que às vezes a distância dificulta, assim como algum tipo de nó feito de traumas que insiste em mantê-la fora de alcance. Sabe, às vezes gostaria que algumas pessoas não fossem apenas um vislumbre, gostaria de segurá-las pela mão e ali fazê-las ficar. Porque a partir do momento que você percebe que pode querer mais do que aquilo que é proposto, que você é mais do que aquilo que é visto, surgem novos propósitos. Mais doces. Que podem tocar o real e ali permanecer; nessa linha tênue que separa algo fantasioso daquilo que se pode tocar. Desejaria que as mãos que por vezes deixam suas impressões digitais no corpo, deixassem também marcas profundas e permanentes no coração. Mais nada.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Verdes
Eu e minhas andanças. Pra lá e pra cá dentro de ônibus pra dar conta de compromissos e prazos. Pois bem. Hoje era pra ter sido uma tarde corrida, só fazer um bate e volta, jogo rápido. E eis que nessas minhas "voltinhas" deparo-me e divido bancos de ônibus com pessoas que mais parecem personagens de algum conto bizarro. Ela estava indo pra Curitiba, estava voltando pra casa. Tinha vindo visitar a neta de apenas dois anos. Falava da menina com aquela paixão que só as avós de primeira viagem possuem. Me contou que tem três filhos já crescidos e formados. Falava com eles com orgulho. Reclamou que quando vem pra Rio do Sul nunca há nada de bom pra fazer. E nisso concordo completamente com ela. Contou-me sobre seu passado, da infância com os tios e até de abusos que sofreu deles. "Tinha vergonha de falar que meu tio mexia comigo. Porque pedófilo sempre nega e a maioria pensa que é a criança que gosta" - desabafou. Casou-se cedo e pelas feições ainda era jovem. Uma jovem senhora com apenas 52 anos. Divorciada, disse ter um namorado há três anos e possui até um perfil no orkut. A última vez que viu sua mãe pela webcam, ela estava "super bem". Disse não se importar de viajar horas e horas de ônibus para ver sua netinha uma vez por mês. Conversava comigo olhando nos olhos e possuía um par de olhos verdes belíssimo, difícil de se ver por aí. Pareceu-me uma senhora simples e independente que já havia cumprido seu papel como mãe e agora queria "aproveitar", como ela mesmo me disse com aquele sotaque puxado dos paranaenses. Cheguei ao meu destino rápido, porém pra jovem senhora ainda havia longas horas de viagem pela frente. Desci pensando que nunca saberia seu nome e nem ela o meu. Nem mesmo que essa conversa viraria um texto. Ou que isso faria meu dia mais feliz, talvez. Quem dera sempre dividir esses bancos de ônibus e horas cruzando o asfalto com pessoas que possuem histórias inspiradoras como a dela. Fico aqui pensando e desejo profundamente que tenha sido uma boa viagem.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Dia do vagalume
Eu nem sabia como começar a escrever sem cair em algum clichê. Sem começar com a famosa frase "amigo de verdade é aquele que..." e inserir algum verbo ali. Porque, concordemos, como traduzir em um simples texto o quão importantes são nossos amigos? E, caindo inevitávelmente no clichê babaca, amigo de verdade pra mim é quase um irmão. É aquele que tu pode passar meses e até anos longe e parecer que passaram-se apenas cinco minutos. Como era de se esperar eu empaco em cada linha desse post. Impossível mensurar e traduzir o carinho que eu nutro por cada um dos meus amigos. AMIGOS. Não colegas ou eventuais conhecidos. Aqui cabe aquela diferença básica: com meus amigos eu compartilho tanto as coisas ruins ao meu respeito quanto as coisas boas. E posso saber quando alguém é meu amigo quando parece que essa pessoa me "lê", já que eu não falo do que eu sinto com muita facilidade. Amizade é partilha, é você saber que pode dividir os bons momentos e as provações. Talvez eu não seja o tipo de pessoa que fica cheia de paparicos, beijos e abraços e sim de proteger quem eu gosto. Proteger para inspirar confiança. O dia do amigo também serve para lembrar-mos dos diferentes amigos que já passaram, mas que não são menos importantes do que aqueles que surgiram para "ocupar" o seu lugar, embora nenhuma pessoa seja tão facilmente substituível. Tive sorte de encontrar pessoas tão especiais para fazer parte da minha vida e não à toa os chamo de vagalumes: todos com sua bioluminescência singular. Àqueles que já passaram, àqueles que moram longe, aos de anos, aos antigos colegas de escola, àqueles que estão chegando agora, aos melhores amigos, aos amigos virtuais e imaginários:
feliz dia do amigo.
feliz dia do amigo.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Stop being such a bitch.
O título é uma bronca pra mim mesma. Depois de tantos excessos. Sempre eles explodindo e acabando com as coisas. Não foi legal. Não foi divertido. Eu não ri, não foi uma piada. Quase coloquei tudo a perder. Quase te perdi. E por frações de segundos. Quando o que é exagerado te faz perceber que poderia ter perdido para sempre a confiança daqueles que ama e que te amam, é hora de parar. Dessa vez foi longe demais. E cansa reciclar personagens da mesma história. Cansa muito. Substituir papéis. Talvez eu seja mesmo tudo aquilo de negativo que devem pensar sobre mim e a cada dia que passa acredito mais nisso. Minha cabeça não para de repetir: "eu quase coloquei tudo a perder". Fica dando voltas em torno dessa mantra maldito. Sentir que falhou é ruim, é uma das coisas mais miseráveis que existe. Minha relação com as pessoas está ficando cada vez mais estranha e, reciclando, algumas frases de meses atrás, continuo indo contra aquilo que eu realmente quero e acredito. Eu quero mudar e esse querer vai além de tudo aquilo que se vê em noites que nada se vê realmente. Lá estava eu, quase quebrando a confiança de alguém. Quase não sendo "confiável em uma tempestade". Quase estragando tudo. Quase.
Have faith in me.
Have faith in me.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Um ano e sete meses
Hoje faz um ano e sete meses. Um ano e sete meses sem aquele café. Um ano e sete meses sem aqueles tantos perfumes e batons. Um ano e sete meses sem novos livros. Um ano e sete meses sem ir esperar no trabalho. Um ano e sete meses sem aquele abraço. Um anos e sete meses sem paciência. Um ano e sete meses sem refúgio. Um ano e sete meses sem o orgulho dela das minhas conquistas. Um ano e sete meses sem almoço de domingo. Um ano e sete meses sem café da tarde na melhor confeitaria da cidade. Um ano e sete meses sem desejar parabéns. Sem feliz Natal. Sem feliz ano novo. Hoje, especialmente hoje ela me fez falta. É uma sensação que vem de vez em quando. Não gosto de lembrar assim, com tantas ausências. Mas hoje eu acordei com saudade dessas pequenas coisas. Coisas que quando a gente tem, parecem insignificantes. Eu sinto falta desse cuidado, sabe. Não transparece, eu não falo sobre. É uma saudade sentida escondidinha, muitas vezes enxarcando o travesseiro. Hoje faz um ano e sete meses sem a minha mãe. E eu acordei assim, com muita saudade dela.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Phil mandou, eu faço
Divagar. Uma das coisas que mais faço. Minha cabeça está sempre a mil por hora. E um dos momentos em que eu mais divago é antes de dormir. Bem naquela hora que o sono ainda não veio direito. Vendo seriados e lendo e falando baboseiras de 140 caracteres, lembrei-me da personagem Silver do seriado 90210 onde ela desabafa sobre a situação da doença de sua mãe e diz que "às vezes dá vontade de gritar". Aí seu amigo-namorado-ficante-gato a leva pro alto de um prédio pra um momento relax (que eu não me recordo qual era porque aqui acho que confundi com a cena de outro seriado). Pois bem. Me senti igualzinha. E com vontade de gritar por muito tempo. Só que no meu caso a pessoa que "me levou para o alto do prédio" também foi aquela que quase acabou com a minha auto-estima. Refletindo sobre minhas atitudes e me martirizando com isso cheguei à conclusão de que, quer saber, foda-se. Demorei tanto tempo pra me reestabelecer! E demorei mais ainda pra encontrar pessoas que me fizessem bem. Se diversão faz parte do pacote e toda a loucura nela contida também, dane-se. Essa sou eu no alto de um prédio agora having a good time with my friends.
I'm free to do what I want.
E o Phil não manda em nada.
I'm free to do what I want.
E o Phil não manda em nada.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
"Vieram mais de você do que de mim. Faça deles o que quiser."
Eis que em uma madrugada tediosa ele veio falar. Finalmente veio. E em meio a algumas frases soltava um "você se lembra?". Gostaria de lembrar. Acostumada a guardar mais as coisas ruins do que boas, esqueceu-se daquele copo de cerveja, das páginas amarelas e até da dedicatória bonita no livro. Todas as memórias foram soterradas por outros acontecimentos. Num certo tom de desabafo, escancarou todas aquelas palavras na sua frente. Belas palavras. Doces. De extrema sensibilidade. Trouxe meus 17 anos de volta bem ali naquela conversa. Ah, se ele soubesse que talvez ela não era mais digna de tais palavras! Senti como se ele tivesse escrito pra um fantasma. Como se aquela menina pra quem ele escreveu tudo aquilo fosse outra pessoa. E é bom que ele se lembre de mim do jeito que eu era. É bom que ele nem veja o que me tornei.
Tão bonito. Guardei no coração.
Tão bonito. Guardei no coração.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Whatever
Inquieta. E isso é perceptível pela quantidade de posts essa semana. Não ligo e nem precisa ler se não quiser, sabe. Gosto de ficar em casa. Pelo menos aqui me sinto a salvo dessas ruas que já conheço de cor, que pra mim já estão gastas e que trazem rostos familiares e entediantes. Vasculho alguns contatos em busca de alguma possível companhia pra uma cerveja. Mentira. Ando por aqui só para sentir frio mesmo. A cidade tá mais longe do que quem está realmente longe. Não faço mais questão. Não faz mais diferença. Já fui embora faz tempo...
I hate this town.
I hate this town.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Lápis, papel e nenhuma vergonha na cara
Talvez aquele velho clichê de garotas desiludidas que se jogam nas ruas à noite escancarando seu cetiscismo por aí. Que não procuram nada além da mais pura (ou nem tão pura) diversão. Elas têm sede, têm pressa. Andam rápido e se esquivam de alguns rostos familiares. Elas são tão bonitas e suas bocas são cor de cereja. Não param nunca e parecem sempre estar à procura de algo que nem elas mesmas sabem o que é. Talvez não tenha nem nome. Elas dançam e chamam a atenção pelas madrugadas frias. Estão em todo lugar. Não possuem um jeito convencional, por isso causam estranheza e até um certo receio. São bem mais encantadoras de cara lavada e pijama. Apreciam bebidas fortes, assim como os perfumes e vão cada vez mais longe. Longe de casa, longe de si. Longe de eventuais laços e afeição. Quem sabe precisem de cuidado. Quem sabe não. Caminham sempre juntas, mesmo separadas por alguns quilômetros inconvenientes. Não precisam entendê-las se não quiserem. Talvez nem devam. Só não tenham medo pois são inofensivas. Essas garotas que se escondem de dia e só aparecem na noite não causam mal, pelo contrário. Estenda a mão e elas te ensinarão a dançar...
"I've gone crazy
Cause there are things in the streets I don't believe
So we'll pretend it's alright and stay in for the night"
"I've gone crazy
Cause there are things in the streets I don't believe
So we'll pretend it's alright and stay in for the night"
domingo, 19 de junho de 2011
What angry star runs your devil heart?
Finjam que esse texto não tem um começo. Podem fingir que isso é direcionado a alguém. Finjam que é um desabafo. Não, melhor nem levar estas palavras a sério se você procura ler sobre coisas bonitas e algodão doce cor-de-rosa. Regurgitar o que é preciso de forma comedida e polida não é fácil quando a vontade é dizer uns bons palavrões. Mas não se trata disso. Trata-se de escolhas. Quando escolhemos pensar no bem-estar do outro antes do nosso, corremos o grave risco de nos frustrarmos e de presenciar situações que poderiam ser evitadas. Que são desnecessárias. E nas quais você pensa: "o que eu faço? por que não ficam bem?". Porque é mais fácil complicar. Porque dar o braço a torcer não faz com que a gente consiga as coisas. É assim que funciona? Tornar a atmosfera ao redor "pesada" pra que a sede de atenção seja sanada. Tão eficaz quanto cansativo. Não parece haver satisfação. Nunca, jamais. Não é um episódio específico, mas vários. Episódios aliás que fazem com que o roteiro seja parecido com outros. Nos quais atuamos sem nos identificarmos com aquele papel. Mas esse é o ponto do texto em que as coisas se fundem e nem sei mais do que se tratam esses lamentos. Esquecer-se de si em prol dos outros é um belo exercício pra se esquivar da própria mediocridade. Faz bem, muitas vezes. Só que às vezes nos perdemos e acabamos acreditando naquele papel que mencionei antes, que pedem pra você fazer. Pena que para os telespectadores você está restrito àquilo: uma louca perdida que não sabe o que quer. Quando na verdade é tudo mais simples. Perder-se por alguém e ir na contramão daquilo que realmente importa sucumbindo a qualquer frivolidade não é uma opção. Não enquanto houver algum resquício de vergonha e uma certa timidez. Soltar as rédeas pareceu tão fácil; pegá-las está fora do alcance. Mas também não se trata disso. Ou sim. Acabo de reparar que pelo menos uns quatro textos anteriores poderiam ser resumidos em uma única frase: sinto cada vez mais saudade de mim.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
When she walks her footsteps sing a reckless serenade
Escreve uma linha. Apaga. Escreve outra. Apaga. Escreve pela terceira vez. Apaga. Comecei a escrever mais essa confissão assim. Mais essa tentativa frustrada de tentar aplacar alguma coisa que nem eu mesma saberia titular. E como poderíamos prever que com o tempo deixaríamos de colocar a culpa nas coisas e nos borrões noturnos pra finalmente admitir que não tem mais jeito? Que não tem mais volta. Que se perde cada vez mais. É como tomar uma dose diária de veneno até que, de repente, o coração pare de bater. Às vezes recorria às lágrimas pra expurgar alguma possível vergonha ou tentar buscar redimir-se de eventuais desacertos. Bobagem se a alma já está impregnada por manchas que tão cedo não serão removidas. É estranho olhar no espelho e ver algo de diabólico ali no rosto de menina. E mais estranho ainda é aceitar esse lado até então desconhecido. Nocivo não para os outros, mas para si mesmo. É assim, nessa dualidade que percorro alguns caminhos que talvez não tenham volta. Não levo bússolas, nem mapas, nem deixo o peso da bagagem atrapalhar. Assumir finalmente que cada vez mais vou na contramão das coisas que desejo, só pra quando conseguir não sentir saudade do tempo em que quase nada importa. E que é agora. Ir, ficar. Não importam-me paradas, pontos fixos e porto-seguro se aqui dentro as coisas estão sempre em um ritmo frenético. Se são imóveis. Lugares, rostos, vozes que se desfazem assim que o dia ganha vida. Disso ficam algumas manchas no corpo, alguma bebida, bagunça. Nada nunca permanece. Cada vez mais difícil dizer "tchau". Ou pior: cada vez mais distante de um eventual pedido susssurrado talvez entre palavras duras e saído de alguma ponta de fragilidade confessa: "fique". Cinco letras aprisionadas em algum canto por aí e longe de serem libertadas. Tão longe...
"Yeah, that's me exerciting my detachment"
"Yeah, that's me exerciting my detachment"
terça-feira, 24 de maio de 2011
Nos dias em que o amanhecer é mais laranja
Eu gosto do inverno e não é nenhum segredo. Não apenas pelo charme característico da estação, mas porque me lembra muito a minha infância. Não que eu seja saudosista (na verdade nem lido muito bem com o passado), mas disso eu gosto de lembrar porque me ajuda a me entender um pouco. Lembro-me bem das cortinas do meu quarto. Tinha uns desenhos que quando o sol batia de manhã cedo, intensificava suas cores. E eu amava o peso das cobertas também. Há quem odeie, mas acordar no inverno tem toda aquela adrenalina de sentir a roupa gelada entrando em contato com o corpo quentinho. Tinha as viagens à Lages naquelas manhãs lindas de céu azul que chegava a arder o olho. Lembro-me bem das músicas que o pai colocava na viagem; aquelas coisas tradicionalistas que a gente detestava. Lembro-me da casa das minhas avós, sempre nos esperando com comidas deliciosas e chimarrão. Nos sábados de manhã, gostava de ouvir minha mãe levantando pra fazer café e ligando o rádio. Eu reclamava, mas logo ia ter aquele vento gelado lá fora pra andar de bicicleta usando luvas. E como meu cabelo preto cheio de cachos ficava bonito naquele casaco vermelho de veludo... Hoje eu me sensibilizei ao recordar de todas essas coisas. Porque depois de grande o frio incomoda, o peso das cobertas não importa. Na verdade, nem sinto mais tanto frio. Os cachos do cabelo sumiram e o vento, bem, o vento é bom pra secar as roupas. Tantos afazeres. Tantos, milhares. Crescemos, enfim. Fica quase impossível alcançar algum lugar quando esquecemos do berço. Do lugar e das pessoas com quem a gente tem um laço feito de sangue e genes em comum. Das coisas que mais me lembram a infância, resta minha família. Esqueci-me de por essa pitadinha de amor deles nos meus dias frios. Eis o verdadeiro refúgio. Eis o verdadeiro lar. E se deixei escapar por um minuto que fosse, se deixei-me entrelaçar por escolhas erradas é porque peguei trilhas erradas. Falta esse tipo de carinho verdadeiro. Falta esse colo. Falta amor, menina. Falta amor.
Let there be love.
Let there be love.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Me veio à cabeça há pouco: de todos os golpes da vida que me atingiram, aprendi a dizer muita coisa menos "me desculpa". O orgulho se sobressai, atravessa meu caminho sempre. Não vou nem me estender no que talvez seria um ensaio sobre o perdão. Na maior parte dos casos não buscamos ser perdoados, buscamos paz de espírito. Consciência leve como uma pena. Então, por tudo que eu não consegui dizer, por todas as evasivas, por todo o ciúme besta, por todo o carinho que eu não fui capaz de oferecer à potenciais amigos, pela negligência e pela ausência...
Me desculpem.
Me desculpem.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Ócio destrutivo.
Não pra me explicar, nem tampouco procuro uma forma de me redimir pelos meus atos muitas vezes mal interpretados. Nem mesmo pra entender essa mente "Jolliana" como disse um novo amigo ainda há pouco. Não é de se esperar que alguém saia ileso depois de tantos cortes (profundos ou não) que levou. Sou do tipo de pessoa que precisa se destrair de si mesma. Do tipo de pessoa não pode estar sempre, vinte e quatro horas por dia envolvida consigo mesma. Que precisa se distrair daquele vício cruel de mergulhar em abismos onde habitam seus medos, demônios e angústias mais profundos. Também não sei mendigar afeto, talvez seja isso o que a maioria ache estranho: a incapacidade de dizer "preciso de você". É meu jeito, não adianta. Talvez seja porque costumamos dirigir essa frase a seres que tomam isso como meras palavras juradas ao acaso. Não é sobre tristeza, nem sobre marcas. E sim sobre fantasmas. E os ventos obscuros que os trazem de volta do passado perturbam. Fazem-nos "lembrar errado". Trazendo consigo toda a sujeira que a gente um dia jogou pra debaixo de um tapete chamado tempo. Ah, se soubéssemos que as voltas que o mundo dá são traiçoeiras! Gira, gira e pára no mesmo lugar de antes. Mal consigo encarar tais monstros, não há como olhar tais feições. E conforme o passar do tempo, elas vão ficando mais insuportáveis de ser vistas e a não há força suficiente pra encará-los. Aí recusa-se qualquer coisa vinculada a essas assombrações que insistem em nos lembrar de toda nossa fragilidade. Fragilidade, aliás, que é puro descaso de algumas pessoas julgar ser "nariz em pé" ou coisa do gênero. É só medo de conhecer a fundo. Falarei do que me incomoda e me entristece se e quando houver essa necessidade. Quando eu estiver concentrada demais em cavernas que guardam meus monstros internos. Não sou obrigada a conviver com o que me traz lembranças tão doloridas. Pensem como quiser, lidem com isso como quiser. Passei muito tempo tentando me corrigir e me prostrar até daquilo que me fazia bem em prol de um "bem comum". Chamem de subterfúgios, chamem do que quiser. Eu só preciso me sentir bem. E acima de tudo: estar perto de quem me queira bem.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Mudança de foco
Ter predileção por um estereótipo pré-determinado é um saco. E eu sofro desse mal. Analisando conversas, e-mails, conversas internas, etc. e tal chego à conclusão patética de que: quanto mais fingida for a pessoa, mais eu gosto. Nem é por ser ludibriada, enganada, "feita de boba", nem nada. Dá pra perceber sempre quais são as intenções reais de alguém para com você. SEMPRE dá. Pois bem. A pergunta que veio à minha cabeça é: pra que? Por que uma pessoa tem que se dar ao trabalho de construir toda uma "imagem", todo um conceito de si mesma pra outra sendo que não tá nem aí pra ela? O pior não é nem isso. Pra mim a pior parte é aquela em que tu não consegue fingir também, que sempre deixa tuas intenções às claras e ainda por cima compartilha traços daquilo que tu é (de verdade) com aquela pessoa (de mentira). Pessoas mentirosas que não tem propósito algum na merda da vida delas a não ser sair por aí ostentanto seus "feitos", seus troféus humanos. Poderiam muito bem decaptar-nos e colocar nossas cabeças numa parede. Como disse, tenho predileção por idiotas. Porque o padrão é sempre o mesmo. Porque eu gosto de crer que mesmo aquela cara de pau tem algo que podemos chamar de alma. E nem tô falando aqui só de relacionamento amoroso. Isso serve também pras amizades. Me cansa ver gente fazendo um esforço descomunal pra ser aquilo que os outros querem que elas sejam. Ou até que elas querem que os outros pensem que elas sejam. Entendeu? Nem eu. Deu nó. Pra falar bem a verdade, não consigo entender que graça há em tratar as pessoas como pequenos troféus. E abomino isso. Como disse, prefiro a decaptação.
I'm not calling you a liar.
I'm not calling you a liar.
Sitting all alone inside your head.
Parece até um certo tipo de refúgio. Recorrer a este "rascunho" virtual pra alinhar os pensamentos ou até suturá-los numa tentativa de esvaziar esse pote interno de sensações incômodas. E sufocantes. Suponhamos que eu tenha escolhido as pessoas erradas como escape. Que eu tenha desnudado demais minha personalidade e minha vida a quem tomou isso e jogou fora em uma vala qualquer. Ou até quem quis um quinhão daquilo que conquistei. Posso confessar que, sinceramente eu não sei mais o que as pessoas veem em mim, nem eu sei mais se a visão que tenho delas é a certa. A cada dia que passa fica mais difícil pra mim conviver com particularidades alheias que me machucam e me torturam em silêncio. Por trás daquele sorriso cortês vem surgindo uma mágoa oriunda de uma insatisfação que dói e incomoda. Inútil fugir e fingir que não. Sinto-me como naqueles meses onde os episódios do que era o meu cotidiano vinham recheados de olhares que mais pareciam condenações pelos corredores. Naquele tempo eu tive, agora não sei de onde tirar forças pra engolir o choro e enforcar os fantasmas do passado um por um. Aí eu penso e vejo que priorizei as coisas, as pessoas, os lugares e as posturas erradas. Vejo que me deixei de lado. Sempre tiro um tempo para organizar os compromissos exteriores, a casa, os papéis, os estudos, o corpo. Deixei de lado uma porção que de tão esquecida, adormeceu. Escolhi as válvulas de escape erradas. Elas não foram escape pra nada, foram só a corda que eu coloquei no pescoço esperando pra que alguém puxasse a cadeira. E esse alguém fui eu mesma. Ando com aquela sensação que eu tive há exatos um ano e cinco meses: de que as pessoas estão com um certo "medo" de mim. Que a reclusão esconda a melancolia que a morte de um ente querido traz. Podia dizer que antes era, hoje já não mais. As lembranças boas te ajudam a seguir. Devo dizer que pôr os pézinhos 35-36 no chão não é tarefa fácil. Não quando alguma coisa te assombra, te sufoca e te impede de estar onde você realmente quer estar. Mas eles se importam? Não. Talvez ninguém entenda. E nem deva. Tomar coragem pra assumir as escolhas e as imposições do universo e dizer de um fôlego só: eu sou assim. Parar de procurar explicações e ensaios para se auto-afirmar ou ser pertencente à. Aquilo que nos traz contentamento e prazer tá sempre mais perto e muitas vezes é interno e não externo. Não adianta procurar longe o que está ao alcance da mão. Quando os pensamentos ficam turvos, de nada adianta preencher o copo e a cabeça com entorpecentes. Válvulas erradas, lembra? Então fecho todos os possíveis caminhos de fuga e me assumo. Respiro. Não tento mais apagar ou camuflar meus desacertos, aprendo com eles. Escolho. A partir do momento em que a gente se assume, pode se doar por inteiro aos outros. Prefiro acreditar que seja assim. É difícil se tornar uma pessoa comedida e "melhor" de uma hora pra outra. Tenta-se dando um passo de cada vez. Sem mais apagar passos errados. Acredita-se de novo.
"You can't expect to bitter folks
And while you're outside looking in
Describing what you see
Remember what you're staring at is me"
"You can't expect to bitter folks
And while you're outside looking in
Describing what you see
Remember what you're staring at is me"
quinta-feira, 28 de abril de 2011
O Dia das Mães.
A maioria das coisas que eu costumo "espalhar" por aqui são, na maioria, coisas que eu não consigo dizer pra ninguém. Aliás, eu nunca fui de falar muito do que sinto. Meu jeito. Enfim, hoje eu vou falar do Dia das Mães. Mães, essas mulheres que nos deram a vida e que (eu vejo, eu SEI que todo mundo tem algo pra reclamar da sua) tanto nos ama. Esse dia me dá um misto de inveja e saudade, já que a minha se foi há pouco tempo. Então eu tento me focar no que ela me deixou de bom e, é claro, na minha vó, tias, etc. Mas vamos direto ao ponto. Muitos de nós sempre ouviu que à medida que crescemos, vamos encontrando muito dos nossos pais na gente. Relutamos, negamos, xingamos e dizemos que jamais seremos "chatos". Acredite: vai chegar o dia em que você vai se deparar dizendo e fazendo muito daquilo que seus pais dizem ou fazem. E isso é meio assustador. Ainda mais pra alguém como eu, que tenho alguém sobre a minha responsabilidade. Você vai reclamar da bagunça na casa, vai dizer que tá cansado, vai dar bronca se uma nota vier ruim. Mas, acima de tudo: você vai deixar de ser egoísta. Vai se preocupar com outra pessoa além de você mesmo. Vai se deparar com bilhetes da escola, com apresentações, futebol, machucados. Todas essas coisas chatas que seus pais - principalmente as nossas mães - passaram ou passam por nós. Vai ser responsável, vai ter que cuidar. Mas vai ser gratificante ver que um "serzinho" diz que você é especial, que te chama pra vê-lo jogar bola, mostrar a nota boa no colégio ou dizer que estava com saudades. Uma pergunta que eu sempre me fiz é: como as pessoas conseguem ter filhos sendo que é um comprometimento pra vida toda? Aí eu encontrei a resposta: nossas mães são as mulheres mais guerreiras e maravilhosas do mundo por nos amarem do jeito que somos. E por nos aturarem. Toda vez que você reclamar dela, lembre-se que ela daria e faria qualquer coisa pra nos ver bem. E quer maior generosidade que isso? Hoje eu entendo. Não sou mãe ainda, mas, como certa vez eu li em algum lugar, "pra ser mãe, você precisa deixar de ser filha" e filha eu sei que já não sou mais. Mãe ainda tá longe, mas pensa comigo: tem mulher mais foda que uma mulher que é mãe? Não. A minha era maravilhosa. A sua também é. Portanto, diga que a ama e a faça sentir especial a cada dia que passa. Ela sente orgulho de você. E, ah, nada de deixar a mãe lavar a louça no dia das mães, viu? Que inveja de quem ainda pode abraçar a sua. Saudade de ser a "filha" da Dona Rita. Feliz dia das mães à todas as mulheres que nos querem tão bem.
Meio adiantado, mas tá valendo.
Meio adiantado, mas tá valendo.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
De novo
Espiar a lua da minha janela é tão mais seguro.
E também solitário.
Faz frio lá fora.
Faz frio aqui dentro.
A lua já foi embora.
E também solitário.
Faz frio lá fora.
Faz frio aqui dentro.
A lua já foi embora.
domingo, 17 de abril de 2011
Tapa na cara.
Entre dias de tédio e noites bizarras há aquele intervalo de tempo em que você para pra ver se o que anda acontecendo realmente faz algum sentido. Se teve batata-frita demais, se realmente era uma mistura de Strokes e Tom Yorke. Se quem sabe aquela tatuagem na mão não era realmente uma caveira, se modes se travestem de Pierrot e assistem Pulp Fiction tomando cerveja. Ou até se a estampa de "pois" da saia transformava-se em desenhos psicodélicos lá pelas tantas da madrugada. Indies deprimidos eram ignorados, havia bigodes falantes - e insuportáveis - eu diria. Conterrâneos que riem sozinhos, dançarinos frenéticos rodopiando na pista de dança e pessoas com sotaques parecidos. Vozes, luzes, flashes e minha amiga pedindo um cover de Supergrass. Ah, tinha uma menina tirando foto também. Suponho que seu nome seja Grace...
domingo, 10 de abril de 2011
Fiquei uns 15 minutos com as mãos sobre o teclado tentando achar uma maneira "bonita" de começar esse texto. Texto aliás que não vai sair como eu quero. Paciência. A semana foi pesada, cheia de nós; e terminou densa também. Aliás, hoje o dia amanheceu tão lindo que o sol chegava a machucar. Por dentro. Desde que comecei a "andar com as próprias pernas" sinto como se todos os dias eu tivesse dragões gigantes pra matar. Dragões internos e externos e acredite: os internos são os mais perigosos, gigantes e complicados de dar fim. Porque eles não morrem, só adormecem. E quando acordam trazem consigo uma fúria tão grande que bagunça tudo. Não gosto de falar sobre eles. Não gosto de falar sobre mim ou o que eu sinto. Aquela confusão gigante voltou. Acreditei tanto ser auto-suficiente que os outros também acreditaram. Paciência de novo. O que a maioria não compreende é que depois de perder alguém importante, qualquer coisa que te deixa trsite, traz à tona milhões de memórias. Milhões de coisas que se foram. Milhões de coisas que a gente procura "matar" todos os dias pra conseguir dormir. E pra conseguir se encontrar. Sem um norte fica difícil. Qualquer coisa que machuque, machuca mais profundo. Qualquer pessoa que se afaste já dói. Qualquer falta e saudade são insuportáveis. Talvez seja exagero e até meio ridículo. Mas é o que eu sinto. Eu sinto, sabe? E por mais que não aparente, qualquer escolha que eu faça, é feita em meia a algumas lágrimas e rabiscos num papel. Porque escrever reorganiza meus dragões. E falar de mim, do que realmente me incomoda é tão escroto. Faço questão de encurtar a conversa e dizer que "to, to bem sim". Que mentira! Meu irmão acabou de passar aqui e perguntar: "tá bem? dormiu quase o dia todo". Adivinha qual foi a resposta? O dia de hoje foi sufocante. E ultimamente as respostas a essa pergunta têm sido mentira. Mas a gente para, inventa outras necessidades e segue em frente. Porque mesmo que amanhã seja segunda-feira e tenha dragões pra matar assim que o sol apontar na janela, vai ficar tudo bem. Porque hoje existir foi um fardo. Eu realmente espero que dê tudo certo...
"Era como se seu corpo se enroscasse numa bola, feito uma página cheia de erros. No entanto, dia após dia, conseguia se desamassar." - A Menina Que Roubava Livros
"Era como se seu corpo se enroscasse numa bola, feito uma página cheia de erros. No entanto, dia após dia, conseguia se desamassar." - A Menina Que Roubava Livros
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Perceptível.
Rascunhei umas coisas ontem de madrugada e até tinha começado a colocar apenas alguns trechos aqui nesse meu confessionário público. Acontece que eu fechei a aba do blog sem querer. Enfim. Ando meio bagunçada por dentro. Eu deixei a porta aberta e entraram algumas coisas e pessoas aqui. Me arrependi de algumas, expus meu mundo e meus vagalumes demais. Agora como faz pra tirar? Ciúme assassino e desmedido esse que tenho. Disfarço com zelo, fica mais bonito. Mas a verdade é que morro de medo de perdê-los. Na verdade nem sei o que eu to falando. Já é tarde, estou com sono, meu corpo dói. Mas minha mente não para de dançar um segundo. Sinto falta, mas não sei do quê. Quero coisas que eu não sinto mais, quero colo às vezes. Faço as pessoas acreditarem que independo de coisas demais, inclusive de afeto. É tão mentira! Ando tão confusa, querendo fazer tantas coisas e nada ao mesmo tempo. Algumas saudades tornaram-se tão insuportáveis, alguns rostos tão patéticos que, sinceramente, não vejo mal algum em optar pela reclusão na minha casa, ao invés de disfarçar tudo isso com cerveja e me sufocar ainda mais. É engraçado que as pessoas escolhem o que é mais fácil ver né? Sei que a partir do momento em que conto minha história, não derramarei uma lágrima sequer e por isso serei subjulgada de forma errônea muitas vezes. Não me faço de coitada, mas sentir-se abandonada tem virado uma constante e isso se torna cada vez mais perceptível. Cada vez mais recuso o efêmero, o fugaz, noites insanas e risadas vazias. Tô abrindo mão, talvez. Nunca sei o que eu quero, mas vou procurar ir atrás do que me faz bem. E de quem me faz bem, seja lá quem for e onde esteja. Faço tantos planos e sou tão "nada". Um nada, um vazio infinito que nunca sai do lugar. Quem sabe um dia alguém veja beleza em alguém tão "bagunçado" como eu. Eu realmente espero que sim.
Foi só o frio que chegou.
Foi só o frio que chegou.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Minha pessoa
Certa vez ao assistir a um episódio de Grey's Anatomy, deparei-me com uma fala da personagem Meredith Grey na qual ela dizia à sua amiga Christina Yang que ela era "a sua pessoa", a pessoa a quem deveriam recorrer no caso de uma emergência. Pois bem. Em virtude dos vários mal-estares de que fui acometida nessas últimas semanas, em meio a chás e dores de cabeça me lembrei disso. Não só porque tem um pouco a ver, mas porque, oras, afinal de contas quem são "as nossas pessoas"? A quem recorremos quando a coisa aperta? No fundo, no fundo somos bebês chorões e manhosos ainda. Loucos para nos jogarmos num colo macio e confortável somado a um cafuné. A impressão que eu tenho é de que nos falta reconhecer a quem a gente pode ter a certeza de que não fará pouco caso da nossa vulnerabilidade, ou até melhor: quem consegue ver além, por trás de toda a auto-suficiência que a idade e o tempo (aparentam) trazer. A "nossa pessoa" deveria saber disso. A "nossa pessoa" não foge de nós quando estamos à beira de um colapso nervoso. A "nossa pessoa" deveria já vir com algo que a identificasse. Seria tão mais prático. Mas acima de tudo, penso que "a nossa pessoa" é aquela que aparece primeiro na nossa cabeça e a que mais fundo habita nosso interior; é a que está cravada no coração. É a que a gente tem certeza que tá sempre ali. Ela não é um ser de outro planeta, um unicórnio, a fada do dente ou coisa do tipo. Talvez seja a que mais apresenta defeitos (à primeira vista). E quem disse que precisa ser uma só? Podem ser algumas boas, contanto que o reconhecimento seja recíproco. E é tarefa única de cada um reconhecer o seu "anjo" (não consegui achar expressão melhor). Quanto mais a gente vaga sozinho, quanto mais coisa a gente supera, mais fácil fica de reconhecer quem será "aquele poço almofadado que caímos sem nos ferir" e mais fácil fica da "nossa pessoa" se revelar pra nós. O descaso com quem amamos às vezes dificulta as coisas e alonga distâncias que não deveriam existir. Quisera eu ser "a pessoa" de alguém...
terça-feira, 29 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
Tua namorada me odeia.
Borrões. Ultimamente as coisas estão meio borradas. Não se vê nada claramente. De dia, as árvores se transformam em manchas verdes ao longo da estrada fundindo-se com as faixas amarelas do asfalto. As noites vêm carregadas de copos manchados de batom vermelho; batom muitas vezes deixado em bocas estranhas por aí. Algumas vontades ocultas são potencializadas por líquidos de cor âmbar e nessas noites em que perde-se muito mais do que a credibilidade, por assim dizer, entram em cena personagens que parecem não figurar no mundo real. São personagens mágicos e essas madrugadas insanas são como filmes com começo e nenhuma continuidade, nem mesmo fim. Ou será que o fim é aquela parte em que você acorda em um quarto estranho, com a garganta rouca (culpa do cigarro) e a cabeça girando tentando lembrar de alguma parte desse tal "filme"? Aí tudo vem como pequenos flash backs e você pensa que queria não ter feito o que fez. Não queria ter dançado como dançou. Não queria ter cruzado aqueles olhares e nem bebido tanto. Mas é impossível se controlar quando as madrugadas são tão sedutoras. Tão mais sedutoras que a tua "vida real". Que aquelas coisas chatas de adulto que te foram impostas. É tão libertador andar na areia ou debaixo de chuva sem se importar se a umidade vai estragar o cabelo ou borrar a maquiagem. Ou sem se importar se nunca mais voltará a ver aquele par de olhos azuis. Ou castanhos. No fim, elas se tornam imagens distorcidas pelo álcool na lembrança. Tão linda "a princesinha da vó" ter-se tornado patética aos 20 anos. Que aquele cabelo que era trançado com tanta ternura agora nada mais é que mistura de nicotina e xampu. Que as mãos que costumavam escrever por horas a fio agora tocam corpos desconhecidos e carregam copos cheio de cerveja. Vergonha. E tudo se repete. Porque precisa correr mais riscos e perder-se mais pra sobrepor as esquisitices que fizera. Abusar de alguma substância que entorpeça pra esquecer a mediocridade de tudo que me cerca. Pra esquecer tudo. Pra esquecer nada. Pra deixar pra lá o batom borrado. E fazer de conta que a tua namorada não me odeia.
sábado, 5 de março de 2011
Dos pares
Um de ouvidos e um de mãos. Um para servir de alento, outro para servir de refúgio.
Porque os que possuo não me bastam. Não mais.
Um breve precisar que se repete. Onde será que andam os vagalumes?
Porque os que possuo não me bastam. Não mais.
Um breve precisar que se repete. Onde será que andam os vagalumes?
terça-feira, 1 de março de 2011
Estranhos no corredor
Era meados de agosto quando se rendeu. Ou será julho? Já não lembra mais; parece ter sido guardado em algum lugar longínquo de sua memória. Era inverno. O que viria a ser o melhor de todos em muito tempo. Ainda consegue fechar os olhos e lembrar das cores na parede da sala de estudos e dos perfumes. E de como aquele casaco azul era quentinho. Já não lembrava mais, ou escolhera por não querer lembrar. Porém, um dia, foi acometida de algumas lembranças que viriam de algo bem improvável: a chuva. Cada gota no telhado daquele sábado trouxe pra si um pequeno flashback de algo tão intenso quanto breve. Efêmero. Significante também (...) Sempre chovia. Desde a primeira vez. Desde a "bandeira branca", do baixar da guarda. Desde que o deixou entrar. Lembrou da primeira vez em que subiu aquelas escadas. Idagou-se: "o que diabos estou fazendo aqui?", mesmo sabendo que aquele ali era o lugar em que deveria estar. Pelo menos naquele momento. Lembrou do beijo tímido, do "é por aqui", do "tá frio", e ainda do "pensei que não acharia sua casa". Do suéter azul, do seu suéter listrado de preto e branco, da bolsa xadrez, do filme (era laranja mecânica) e do adormecer sem querer no sofá. Chovia muito. Era de se esperar que capotasse por ali mesmo. Eram duas da tarde quando a levou pra casa. Sorria com a exigência que ele tinha imposto: "exclusividade da mesma forma que tens". A cumpriu. Mesmo sabendo que num futuro breve desejaria nunca ter o feito e que ele mesmo quebraria tal exigência. Logo, namorados. Logo, desamores. E a chuva sempre acompanhando assim como o frio. O apelido que dara a ela não fazia jus à estação do ano. "Pequeno maracujá", era quase assim. Tanto cuidado. Jogado fora. Não consegue lembrar das partes feias, as bloqueou. Talvez esteja lembrando certo. A chuva deve ter lavado, levado embora. Das mãos, nunca esquece. Ela tinha obsessão por mãos e tinha escolhido as dele como preferidas. Não encontrou mãos parecidas com aquelas, nem quis. Memorizou cada canto, fotografias mentais: quarto, cozinha, corredor, sacada, álbuns, histórias, caminhos, a escada... E com o tempo esqueceu da voz, do perfume, dos cabelos e até das mãos. Desistiu de recordar. Porque tinha noites em que alguns sonhos traziam a ilusão de o ter perto. Coisa que a realidade de um novo dia desfazia. Fora essencial num momento crucial. Mas tinha desistido de lembrar. Tinha esquecido de uma parte do que fora. Do que conseguiu sentir. Que conseguia sem importar. Que o adorava. Que talvez nunca deveria ter subido as escadas. Que guardaria aquilo em algum lugar e que acharia meio sem querer, assim como aquele seriado que gravou pra assistirem num sábado chuvoso. E que não terminaram de ver. Achou, olhou, recordou, derramou algumas lágrimas tímidas e trancou de volta no lugar. Já não fazia mais sentido há muito tempo. E no outro dia haveria sol...
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Cedo
Deitou no sofá e dormiu menos que 5 minutos. Olhou pela janela e pensou consigo mesma que era tão tarde que já era cedo. Soltou as mãos. Calçou a sapatilha vermelha, prendeu os cabelos. Foi até a cozinha, tomou um copo d'água. Abriu o portão. Não pretendia acordá-lo, mas fez barulho ao desligar a música. "Estou indo pra minha casa", disse. Eram quase sete horas da manhã. Ela é do tipo que adorava observar as pessoas dormindo. Porém, não se atreveria. Não ali, não trazendo os estragos daquela noite, não desse jeito. Talvez não aquela pessoa. Não se atreveria a velar aquele sono porque talvez não fosse merecedora. Porque talvez ele ficasse como uma pintura gravada em sua cabeça. Aliás, quase todos ficaram. Mas, acima de tudo, não se atreveria a ficar, simplesmente. A essa altura, alguns raios laranja atravessavam a cortina. Despediu-se. Desculpas. Ela pede desculpas demais. Pra si mesma.
Pessoas habitadas.
Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. A descreveu como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. "Só tem um probleminha: não é habitada." Rimos. É uma expressão coloquial na França - habité -, mas nunca tinha escutado por estas paragens e com esse sentido. Lembrei de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma dizer "aquela ali tem gente em casa" quando se refere a pessoas com conteúdo.
Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos-de-fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.
Retornando ao assunto: pessoas habitadassão aquelas possuídas, de fato, por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreedem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uam relação mais do que cordial.
Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. Interessam, mas causa dano. eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só tem gente em casa porque está grávida. Zzzzzzzzz.
Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda.
Martha Medeiros
As pessoas "habitadas" estão aí. Só falta a madrugada oportuna.
Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos-de-fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.
Retornando ao assunto: pessoas habitadassão aquelas possuídas, de fato, por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreedem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uam relação mais do que cordial.
Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. Interessam, mas causa dano. eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só tem gente em casa porque está grávida. Zzzzzzzzz.
Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda.
Martha Medeiros
As pessoas "habitadas" estão aí. Só falta a madrugada oportuna.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Ela era o cara.
Me peguei pensando nela esses dias. Lembrando. Lembrando de uma forma legal, não triste. E isso também não significa que eu a esqueci. Jamais a esquecerei. Jamais esquecerei o trajeto que fazia para encontrá-la pro almoço às vezes. Ou dos livros pro vestibular que eu lia enquanto a esperava no trabalho. Assim que saia, acendia um cigarro. Era batata. O mais engraçado é que, apesar de fumante, nunca exalava fumaça de cigarro. Sempre achei isso impressionante: ela estava sempre muito perfumada. Não era vaidosa ao extremo, mas não dispensava um batom de cor forte. Aliás, tinha vários; uma coleção deles. Adorava sapatos também. Ah, e bolsas. Nunca a vi usando tênis e esse fato sempre me deixou curiosa. "Não gosto", dizia. Também não usava sapatos vermelhos alegando ficar com "pés de pombo". Okay. Era culta, engraçada e ótima cozinheira. Tratava os outros como iguais, com simplicidade e gentileza. Costumava apelidar as pessoas que mais gostava e deu o nome a todos os cachorros que tínhamos. Os adorava. Adorava ler também. Na verdade, devorava os livros. Dentre seus preferidos estavam Sidney Sheldon, Harold Robbins e Agata Christie. Era fã da literatura machadiana também. Quando perguntei a ela certa vez se Capitu traiu ou não Bentinho ela respondeu: "Vai ler, oras. O livro tá lá dentro!". Como eu disse, era culta. E não só em relação à literatura: música, cinema, esportes. Mal sabia eu que tinha tanto dela em mim. Foi preciso o término de um relacionamento de 19 anos pra eu perceber isso. Só ela sabia como mexer no meu cabelo e só ela me chamava de rabugenta do jeito mais carinhoso e lindo do mundo. Tem dias que eu acordo lembrando que me esqueci às vezes. Temo por esquecer da voz dela, das mãos dela, do perfume. Temo por esquecer o que aprendi com ela e até de decepcioná-la, mesmo sabendo que isso não é mais possível. Ou é? Ela me amou mais que tudo, acreditou, me ensinou a ter paciência, a respeitar os outros e aceitar as diferenças entre nós, humanos. Me ensinou a ter caráter, a ser o que eu sou hoje. Ela que me deu a vida e que se foi. Uma coisa é certa e que ainda dói de vez em quando é que eu nunca mais vou poder apresentá-la a ninguém. E nada do que eu fale ou escreva, nenhuma homenagem nunca será o suficiente pra homenagear Dona Rita. Minha mãe era o cara!
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Mea culpa.
Costuma trançar repetidas vezes os cabelos quando nervosa. Quando se perde. Tocar os próprios cabelos lhe parece uma forma de tentar entrar em contato consigo de novo. Recuperar algo que foi deixado em uma esquina qualquer. Ela tem andado perdida. Vazia até eu diria. Quase como uma peça de quebra-cabeça na caixa errada. Sabe, ela tem andado sem ouvir o som dos carros. Tem sentido frio à noite, mesmo no verão. Dorme muito ou muito pouco. Está com olheiras. Perdeu o apetite. Faltou cor. Faltam ouvidos, faltam ombros. Esqueceu-se de si em um lugar qualquer e agora que lembrou, viu que tem deixado estilhaços pelo caminho. Pedaços de si mesma e algumas farpas que acabaram por ferir outras pessoas. "É perigoso esquecer de si mesmo", pensou um dia desses. Porque ela tentou se apoiar onde não deveria. Porque tentando encontrar-se (ou será perder-se?) cometeu uma falta gravíssima. Machucou alguém. Levar-se a extremos tem dessas coisas. Ela não sabia como voltar. Não dá mais pra voltar. Magoar os outros dói muito. E é querer demais pedir desculpas. Fraqueza como essa não tem desculpa. E ela sabia. Porém, provou mais uma vez o que é ser humano: somos passíveis de erros, dos mais variados. Erros que tomam proporções catastróficas muitas vezes. Pelo menos dentro da gente. Tem como consertar? Tem reparo? Será que se colar, funciona? Não sei. Ela tinha apenas alguns segundos antes de evitar a colisão. Os sentidos estavam ofuscados. Não viu, não pensou, não freiou. A amizade que estava no banco do carona ficou gravemente ferida. E ela não sabe se vai conseguir salvá-la. E olhando o estrago, de longe, ela espera. Espera o socorro enquanto trança vagarosamente os cabelos pretos...
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Ímpar.
Um pôr-do-sol. Um amanhecer. Um poema bonito. Um quadro. Uma fotografia. Um sabor. Um vinho. Um filme. Uma rua. Uma risada. Uma frase. Uma saudade. Um perfume. Um café. Uma paisagem. Um caminho. Uma viagem. Um despertar. Um domingo. Um arco-íris. Uma estrela. Um olhar. Uma música. Um livro. Uma noite de sono. Um passatempo. Uma caminhada. Uma lágrima. Um plano. Uma cidade. Uma vontade. Uma ausência. Uma xícara de café. Uma dia. Uma noite. Uma pessoa...
Tudo ímpar esperando pra ser dividido. A porta está sempre aberta e tem mais um lugar na mesa. Sempre.
Tudo ímpar esperando pra ser dividido. A porta está sempre aberta e tem mais um lugar na mesa. Sempre.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Formigas.
Crise de criatividade que me pegou de jeito. Até tinha alguns pensamentos pra suturar, poderia falar sobre meus planos, sobre as formigas, sobre o calor, sobre cerveja. Mas não. Vou falar de qualquer coisa aleatória que fará jus à minha mistura de pensamentos e "sentimentos". Assim, entre aspas porque até meu tênis é mais afetuoso do que eu. Entro em crise. Reflito. Bebo. "All we need is love". Bobagem! Precisamos cantar, pular, viajar, enlouquecer, dormir, comer, beber, comer mais, rolar na grama, andar descalço na areia, ler quinze livros, mudar de cabelo, mudar de cidade, viver. Mas e o afeto? - você me pergunta. Ah, pois é. Não sei. Não sei quem é essa biscate chamada paixão, esse tresloucado chamado amor, muito menos quem é esse maluco chamado compromisso. Há muito fui desprovida não da capacidade de sentir algo por alguém, mas da capacidade - invejável devo dizer - que certas pessoas possuem de se iludir. Ou será que é de acreditar? Será que reconhecer-se incapaz demonstra algum tipo de necessidade de volta de tais capacidades? Não sei. Existem traumas. Existem mágoas e acima de tudo: existe medo. Reconstruir-se depois de quedas bruscas leva tempo e coragem. Talvez ainda não seja a hora. Minha auto-defesa é um lugar seguro. Por enquanto.
Sim, o título foi aleatório.
Boa noite, vagalumes.
Sim, o título foi aleatório.
Boa noite, vagalumes.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Sai um, vem outro.
Todo começo de ano é a mesma coisa: parece que um chumaço de algodão ocupa a minha cabeça. Parece sempre que me é dado um grande painel em branco pra eu "pintar" o que quiser durante a passagem do ano. Mas tem coisa que a gente não quer que mude né? Tem coisas que a gente quer que permaneçam porque eu, mais do que ninguém, estou farta de perdas. Ou de substituições. É trabalhoso e cansativo construir todo e qualquer relacionamento: seja de amizade, seja conjugal, profissional. E eu tenho um problema bem babaca de superestimar as pessoas que fazem parte da minha vida. Algumas delas mudam, outras dizem querer sumir, outras simplesmente não permanecem. Mas e eu? Bom, eu detesto despedidas quando não sou que estou partindo. Egoísta assim. Gosto de deixar saudade, não de senti-la. E aquele abraço de despedida que não foi dado? E o que foi dado, que gosto deixou? Amargo, certamente. Todo ano alguém vai embora. Todo ano alguém chega de mala e cuia. Esse estica-e-puxa uma hora vai acabar por partir alguma coisa aqui dentro. Não consigo pedir a ninguém que fique, apenas que mande um cartão postal de lugar nenhum. Notícias quem sabe, ou uma foto com uma dedicatória bonita. Espero que sintam saudade como eu sinto. Saudade traiçoeira essa. Espero até a volta também. É o jeito: esperar pra (não mais) ver.
Feliz ano novo.
Feliz ano novo.
Assinar:
Postagens (Atom)