Parece até um certo tipo de refúgio. Recorrer a este "rascunho" virtual pra alinhar os pensamentos ou até suturá-los numa tentativa de esvaziar esse pote interno de sensações incômodas. E sufocantes. Suponhamos que eu tenha escolhido as pessoas erradas como escape. Que eu tenha desnudado demais minha personalidade e minha vida a quem tomou isso e jogou fora em uma vala qualquer. Ou até quem quis um quinhão daquilo que conquistei. Posso confessar que, sinceramente eu não sei mais o que as pessoas veem em mim, nem eu sei mais se a visão que tenho delas é a certa. A cada dia que passa fica mais difícil pra mim conviver com particularidades alheias que me machucam e me torturam em silêncio. Por trás daquele sorriso cortês vem surgindo uma mágoa oriunda de uma insatisfação que dói e incomoda. Inútil fugir e fingir que não. Sinto-me como naqueles meses onde os episódios do que era o meu cotidiano vinham recheados de olhares que mais pareciam condenações pelos corredores. Naquele tempo eu tive, agora não sei de onde tirar forças pra engolir o choro e enforcar os fantasmas do passado um por um. Aí eu penso e vejo que priorizei as coisas, as pessoas, os lugares e as posturas erradas. Vejo que me deixei de lado. Sempre tiro um tempo para organizar os compromissos exteriores, a casa, os papéis, os estudos, o corpo. Deixei de lado uma porção que de tão esquecida, adormeceu. Escolhi as válvulas de escape erradas. Elas não foram escape pra nada, foram só a corda que eu coloquei no pescoço esperando pra que alguém puxasse a cadeira. E esse alguém fui eu mesma. Ando com aquela sensação que eu tive há exatos um ano e cinco meses: de que as pessoas estão com um certo "medo" de mim. Que a reclusão esconda a melancolia que a morte de um ente querido traz. Podia dizer que antes era, hoje já não mais. As lembranças boas te ajudam a seguir. Devo dizer que pôr os pézinhos 35-36 no chão não é tarefa fácil. Não quando alguma coisa te assombra, te sufoca e te impede de estar onde você realmente quer estar. Mas eles se importam? Não. Talvez ninguém entenda. E nem deva. Tomar coragem pra assumir as escolhas e as imposições do universo e dizer de um fôlego só: eu sou assim. Parar de procurar explicações e ensaios para se auto-afirmar ou ser pertencente à. Aquilo que nos traz contentamento e prazer tá sempre mais perto e muitas vezes é interno e não externo. Não adianta procurar longe o que está ao alcance da mão. Quando os pensamentos ficam turvos, de nada adianta preencher o copo e a cabeça com entorpecentes. Válvulas erradas, lembra? Então fecho todos os possíveis caminhos de fuga e me assumo. Respiro. Não tento mais apagar ou camuflar meus desacertos, aprendo com eles. Escolho. A partir do momento em que a gente se assume, pode se doar por inteiro aos outros. Prefiro acreditar que seja assim. É difícil se tornar uma pessoa comedida e "melhor" de uma hora pra outra. Tenta-se dando um passo de cada vez. Sem mais apagar passos errados. Acredita-se de novo.
"You can't expect to bitter folks
And while you're outside looking in
Describing what you see
Remember what you're staring at is me"
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