quinta-feira, 21 de julho de 2011

Verdes

Eu e minhas andanças. Pra lá e pra cá dentro de ônibus pra dar conta de compromissos e prazos. Pois bem. Hoje era pra ter sido uma tarde corrida, só fazer um bate e volta, jogo rápido. E eis que nessas minhas "voltinhas" deparo-me e divido bancos de ônibus com pessoas que mais parecem personagens de algum conto bizarro. Ela estava indo pra Curitiba, estava voltando pra casa. Tinha vindo visitar a neta de apenas dois anos. Falava da menina com aquela paixão que só as avós de primeira viagem possuem. Me contou que tem três filhos já crescidos e formados. Falava com eles com orgulho. Reclamou que quando vem pra Rio do Sul nunca há nada de bom pra fazer. E nisso concordo completamente com ela. Contou-me sobre seu passado, da infância com os tios e até de abusos que sofreu deles. "Tinha vergonha de falar que meu tio mexia comigo. Porque pedófilo sempre nega e a maioria pensa que é a criança que gosta" - desabafou. Casou-se cedo e pelas feições ainda era jovem. Uma jovem senhora com apenas 52 anos. Divorciada, disse ter um namorado há três anos e possui até um perfil no orkut. A última vez que viu sua mãe pela webcam, ela estava "super bem". Disse não se importar de viajar horas e horas de ônibus para ver sua netinha uma vez por mês. Conversava comigo olhando nos olhos e possuía um par de olhos verdes belíssimo, difícil de se ver por aí. Pareceu-me uma senhora simples e independente que já havia cumprido seu papel como mãe e agora queria "aproveitar", como ela mesmo me disse com aquele sotaque puxado dos paranaenses. Cheguei ao meu destino rápido, porém pra jovem senhora ainda havia longas horas de viagem pela frente. Desci pensando que nunca saberia seu nome e nem ela o meu. Nem mesmo que essa conversa viraria um texto. Ou que isso faria meu dia mais feliz, talvez. Quem dera sempre dividir esses bancos de ônibus e horas cruzando o asfalto com pessoas que possuem histórias inspiradoras como a dela. Fico aqui pensando e desejo profundamente que tenha sido uma boa viagem.

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