segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cedo

Deitou no sofá e dormiu menos que 5 minutos. Olhou pela janela e pensou consigo mesma que era tão tarde que já era cedo. Soltou as mãos. Calçou a sapatilha vermelha, prendeu os cabelos. Foi até a cozinha, tomou um copo d'água. Abriu o portão. Não pretendia acordá-lo, mas fez barulho ao desligar a música. "Estou indo pra minha casa", disse. Eram quase sete horas da manhã. Ela é do tipo que adorava observar as pessoas dormindo. Porém, não se atreveria. Não ali, não trazendo os estragos daquela noite, não desse jeito. Talvez não aquela pessoa. Não se atreveria a velar aquele sono porque talvez não fosse merecedora. Porque talvez ele ficasse como uma pintura gravada em sua cabeça. Aliás, quase todos ficaram. Mas, acima de tudo, não se atreveria a ficar, simplesmente. A essa altura, alguns raios laranja atravessavam a cortina. Despediu-se. Desculpas. Ela pede desculpas demais. Pra si mesma.

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