A escolha das palavras é feita meticulosamente. Para ele pouco importa: com certeza não a vê da mesma forma que ela o vê. Rodar vasculhando as palavras que se encaixem perfeitamente para, no fim, nunca dizer o que quer. Olhar para trás e ver que aqueles meses trouxeram uma sucessão de "nadas" até que tropeçou nele. E que ele viria a figurar naquela lista de motivos para visitas mensais em cidades vizinhas. É evidente a tentativa. Tentativas que se repetem e sensações que ela sabe de cor. "Infinitos variáveis", lembra? Tem a ver com trincheiras em chamas e aquela coisa toda. Não é recíproco, quem sabe nunca será. Aí ela lembra de Maria Elena dizendo que "só o amor não idealizado pode ser romântico". Ela queria que aquelas poucas horas fossem diretamente proporcionais à distância. Já não sabe mais se esse afastamento físico seja o espaço necessário para idealizar ainda mais a figura dele. Idealizar o sorriso, o senso de humor, as camisetas legais e as mãos que preferem ficar nas minhas enquanto dirige. Antes fosse só isso: alguma insanidade e o álcool a deixam na dúvida se algum dia ele poderia vê-la de outra maneira. Daqui a um tempo pode arrepender-se de ter se exposto. Guarda tudo para a próxima vez, sempre a próxima vez. Refere-se a ela mesma na terceira pessoa só pra não tornar ainda mais real o que já é evidente. Vai fazer mais ou menos 48 horas desde que nos vimos e aqui cabe a primeira pessoa, para dizer com toda sinceridade: por favor, não me esqueça. Eu já não vejo a hora de te ver de novo.
Você me deixa na ponta dos pés.
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