Voltei. Blog com cheiro de mofo e sendo atualizado no último final de semana deste 2012 moribundo. Não sou boa com resoluções ou listas, mas essa onda de "recomeço" pegou-me com força e, bem, lá vou eu.
Pra falar a verdade eu nem lembro muito bem do começo desse ano. Sério. Há coisas que tornaram-se tão vagas que parecem ter ocorrido não há doze meses, mas anos.
Começou com despedida. Senti-me perdida várias e várias vezes pensando ter que reencontrar na cidade que eu habito e na minha rotina esquisita, uma forma de sobreviver sem aquela que veio a ocupar o posto de melhor amiga. Sim, nestes 22 anos de vida nunca tive uma. Relação construída à distância e fortalecida pela mesma; sem demonstrações de amor megalomaníacas ou conversas diárias, porém, sempre com aquela presença-ausência reconfortante e a sintonia inexplicável de sempre.
Inclusive, 2012 foi o ano das amizades. Das novas e das antigas. Algumas fortaleceram-se, outras desgastaram-se. Não por falta de vontade de ambas as partes; algumas coisas simplesmente deixam de fazer sentido e não permanecem. A vida é ciclo e o velho precisa sair para dar lugar ao novo.
Não foi um ano de muitos feitos, inclusive a preguiça deu o tom da maioria dos dias. Alguns meses pareceram se arrastar, enquanto outros passaram tão rápido que sequer lembro de acontecimentos marcantes. 2012 colocou à prova meu auto-conhecimento: às vezes é importante não somente reconhecer que somos fortes, mas estarmos cientes de nossas fraquezas. E admitir de uma vez por todas que existem aspectos dentro de nós mesmos que não podem e não devem ficar guardados. É de fundamental importância que tenhamos pessoas em quem confiar e principalmente que possamos dizer que não estamos nos sentindo bem. Não há necessidade de sentir vergonha por isso.
O segundo semestre trouxe com ele acontecimentos e pessoas que vêm conquistando minha confiança e meu carinho a cada dia. Se eu pudesse resumir esse ano em uma palavra seria: redescoberta. Agosto pegou-me de surpresa, assim como quem veio com ele, quase no final de seus dias. Colocou-me frente à sensações que outrora estavam esquecidas, fazendo-me esbarrar em algo que eu achava não mais ser possível sentir e, que de certa forma, era assustador. Para ambos. Foi e está sendo uma lição de paciência. Lidar com o outro é um exercício, ainda mais quando essa pessoa está inserida em um universo quase que totalmente diferente do seu. Poderia arrastar esse parágrafo e estendê-lo por mais uns dez longos ensaios apenas para tentar externar a alegria que esse "presente" me proporciona. Escolho encerrá-lo, dizendo que aqui dentro há uma força de vontade gigante pra que tudo isso seja apenas o começo. Apesar dos quilômetros, da saudade e dos meus erros primários.
Não pedirei muito de 2013. Apenas que o que for bom permaneça, que haja mais reencontros e que o amor prevaleça. Não somente aquele entre namorados, mas o amor entre amigos, família e o amor por nós mesmos. 2013 será o ano da conclusão de algumas coisas, de mais algumas partidas e da volta da minha melhor amiga. Muito do que eu quero e anseio ainda é obscuro e incerto. E muito do que eu quero não depende só de mim. Só posso desejar pra todo mundo que caminha comigo muita alegria, cerveja, mais telefonemas e cartas e menos marcação no facebook. Mais amor, sorrisos, abraços, amigos de verdade, novidades e redescobertas. Muito do que a gente procura ou acha que procura está bem debaixo de nosso nariz. Que tenhamos a habilidade de enxergar e cultivar isso.
Aos que vieram, aos que permanecem, aos que estão longe, aos que estão por vir e que ainda não chegaram e, principalmente àqueles que já nos deixaram, um brinde! E que venha mais um ano novinho em folha.
sábado, 29 de dezembro de 2012
sábado, 8 de setembro de 2012
Fiquei um tempo ser aparecer por aqui, é verdade. Não por falta daquela velha e conhecida ânsia de escrever, mas por me sentir desinteressante mesmo. Sem algo de muito nobre ou muito proveitoso a dizer. Não que isso signifique que das outras vezes em que escrevi eu tivesse algo de importante a dizer. Enfim, cá estou.
Senti que nesse intervalo de tempo tudo não passara de uma eterna repetição. Um looping de situações incômodas e pessoas "requentadas". Nada que acrescentasse algo de encantador e significativo. Aí ao invés de refugiar-me no álcool, tentando encontrar um rota de fuga pra longe da realidade, resolvi voltar para os meus livros. Até porque estava me sentindo uma pessoa burra e totalmente sem foco. Uma série de coisas boas e revigorantes aconteceram essa semana, coisas que eu realmente esperava. Porém, as deixarei para outro momento. Enunciá-las aqui atropelam os acontecimentos, então as guardarei para mim por enquanto.
Sou daquelas que se encantam facilmente com qualquer coisa ou pessoa. Não que eu demonstre isso com facilidade, por incrível que pareça às vezes pareço séria e "dura" demais com as palavras. Há tempos alguma coisa não me despertava vontade de convidar alguém para tomar um café numa tarde ociosa. Uma dessas coisas é um dos livros que eu adquiri essa semana. Casados com Paris é um relato ficcional da escritora norte-americana Paula McLain. Conta a história de Hadley Richardson, primeira esposa do escritor Ernest Hemingway. Confesso que foi um tiro no escuro, nada tinha lido sobre e muito menos conhecia a autora. Porém, já nas primeiras páginas encantei-me de imediato com Hadley e de como algumas passagens lembravam a mim mesma. Fiquei com vontade de ter vivido nos anos 20...
De alguma maneira, eu ficara presa ao longo do caminho - muito antes da doença da minha mãe - e não sabia bem como me libertar. Algumas vezes, depois de tocar por uma hora um Chopin passável, eu desabava no sofá ou no carpete, sentindo deixar meu corpo qualquer energia que eu houvesse tido enquanto tocava. Era terrível me sentir tão vazia, como se eu não fosse nada. Por que eu não podia ser feliz? E, no final, o que era felicidade? Conseguiríamos fingi-la, como insistia Nora Bayes? Conseguiríamos fazê-la brotar como um bulbo primaveril na cozinha ou esbarrar com ela numa festa em Chicago e contraí-la como um resfriado?
Senti que nesse intervalo de tempo tudo não passara de uma eterna repetição. Um looping de situações incômodas e pessoas "requentadas". Nada que acrescentasse algo de encantador e significativo. Aí ao invés de refugiar-me no álcool, tentando encontrar um rota de fuga pra longe da realidade, resolvi voltar para os meus livros. Até porque estava me sentindo uma pessoa burra e totalmente sem foco. Uma série de coisas boas e revigorantes aconteceram essa semana, coisas que eu realmente esperava. Porém, as deixarei para outro momento. Enunciá-las aqui atropelam os acontecimentos, então as guardarei para mim por enquanto.
Sou daquelas que se encantam facilmente com qualquer coisa ou pessoa. Não que eu demonstre isso com facilidade, por incrível que pareça às vezes pareço séria e "dura" demais com as palavras. Há tempos alguma coisa não me despertava vontade de convidar alguém para tomar um café numa tarde ociosa. Uma dessas coisas é um dos livros que eu adquiri essa semana. Casados com Paris é um relato ficcional da escritora norte-americana Paula McLain. Conta a história de Hadley Richardson, primeira esposa do escritor Ernest Hemingway. Confesso que foi um tiro no escuro, nada tinha lido sobre e muito menos conhecia a autora. Porém, já nas primeiras páginas encantei-me de imediato com Hadley e de como algumas passagens lembravam a mim mesma. Fiquei com vontade de ter vivido nos anos 20...
De alguma maneira, eu ficara presa ao longo do caminho - muito antes da doença da minha mãe - e não sabia bem como me libertar. Algumas vezes, depois de tocar por uma hora um Chopin passável, eu desabava no sofá ou no carpete, sentindo deixar meu corpo qualquer energia que eu houvesse tido enquanto tocava. Era terrível me sentir tão vazia, como se eu não fosse nada. Por que eu não podia ser feliz? E, no final, o que era felicidade? Conseguiríamos fingi-la, como insistia Nora Bayes? Conseguiríamos fazê-la brotar como um bulbo primaveril na cozinha ou esbarrar com ela numa festa em Chicago e contraí-la como um resfriado?
domingo, 22 de julho de 2012
Pra ti
Todas as vezes em que o reencontrei não consegui esconder minha surpresa. Era como se um passado convidativo estivesse estampado naquele sorriso perfeito. Os olhos ainda tinham o mesmo brilho e a mesma vivacidade de quando tínhamos dezessete anos. Era como se a minha melhor idade tivesse sido trazida de volta por uma brisa suave e calma. E ele estava ali, naquele lugar, na minha frente. De novo. Como das outras vezes fiquei nervosa e não sabia como me comportar, nem o que dizer. Porém, tenho absoluta certeza de que teria tido uma qualidade melhor se minha surdez não atrapalhasse e aquela banda horrorosa não tivesse começado a tocar naquele exato momento. Atônita, apenas respondia as perguntas do jeito mais sincero que eu consegui. Fiquei sem jeito quando tu disse que lia o que escrevo e que catalogo como devaneios. Não sei se conseguia disfarçar meu nervosismo diante daquele que foi o primeiro de todos. Primeiro de muitas coisas. Se eu conseguisse esboçar qualquer palavra que fizesse sentido te diria que a parte (boa) do que sou hoje veio de você. Que foi você quem me mostrou Kerouac, Bukowski e Cascavelletes. Você não sabe, mas foi. E isso mudou minha vida e fez com que eu conhecesse coisas e pessoas que eu não imaginava conhecer. E que eu lembro do primeiro álbum da Mallu Magalhães que ouvíamos juntos e das tuas poesias. Também lembro de algumas coisas, só não consigo dizer. Talvez dissesse se aquele café não tivesse ficado pra história. Ficou para a história como aquele livro, aquelas cartas e a melhor versão de mim mesma sem toda essa bagunça em que me transformei. Dizem que quando o passado volta é perigoso, mas não concordo. Não quando ele só nos faz essas visitas esporádicas. Para nos lembrar do melhor que éramos e do melhor que poderíamos ser. Revigora. E essa mesma sensação vai percorrer cada centímetro do meu corpo toda vez que isso acontecer. Eu era tão melhor quando éramos só guris...
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Triste saber o antídoto para tudo de nocivo, venenoso e mortal que existe em nós e não querer tomá-lo. É como deixar-se afogar e não tentar sequer nadar contra a forte correnteza. Porque é mais fácil. Porque cansa. A vida cansa. Cansa apelar. Cansa chorar. As pessoas cansam. A saudade cansa. O frio mata. Aquele abraço nunca vem. E o amor? O amor é como um vestido que foi feito sob medida e que todo mundo ganhou. Menos eu.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Futuro do presente
Há quase dois meses fica difícil dormir. Minha ansiedade agora afeta não só minha mente, mas meu corpo também. Andei doente e precisei de cuidados. Não tive. Ao invés de afagos e carinhos, entreguei-me à toda e qualquer possibilidade de festividades que incluissem álcool, obviamente.
Sei que não deveria reclamar tanto, visto que as agressões das quais sou vítima são causadas por mim mesma; resolvi parar de culpar o mundo e as pessoas por isso. Apesar desse "amadurecimento", não me vejo como uma pessoa melhor. Assumir minhas vontades fez com que eu me perdesse mais do que me encontrasse e isso só faz aumentar minha ansiedade. E todos os malefícios causados por ela. Castigo infinito por achar que sei cuidar de mim mesma e que sei lidar com as confusões sentimentais em que me meto.
Joguei fora toda a autoestima reconstruída nesses últimos dois anos. Fui até o fundo do poço de mim mesma só para sentir qualquer coisa: nem que fosse uma dor imensa por não saber o que fazer com meus pecados. Entreguei-me a toda quase possibilidade de relacionamento abrindo mão do que eu realmente acredito. Deixei que algumas coisas voltassem e, inevitavelmente, isso fez com que eu cutucasse suturas de feridas que eu nem lembrava que existiam. Esqueci-me de que esses "quases" sempre trazem consigo "nadas" infinitos, todos eles sempre prontos pra aumentar ainda mais o vácuo que há dentro de cada um de nós. Ou só de mim.
Agonia por não saber onde me encontro. Não há mais disfarces e por vezes o desespero transparece nas horas e situações mais impróprias. Prometi a mim mesma que perder a pessoa que eu mais amei na vida há dois anos não justificaria nenhum de meus futuros desacertos. Embora precise admitir aqui que a morte de uma pessoa querida nos transforma de muitas maneiras e nem sempre elas são boas. Sempre penso estar envergonhando-a, mesmo que ela não esteja mais nesse plano para me dar um (merecido) puxão de orelha.
Estou cada vez mais ciente de que o que ainda me mantém de pé são as poucas pessoas que faço questão de manter em minha vida. Se por um lado "uso" outras para me agredir, por outro tenho outras para me ajudar a ver o que não consigo. E vai ser sempre assim. Às vezes é preciso que os outros nos lembrem das nossas capacidades: seja de amar, seja de superar algo doloroso, seja de ser uma pessoa melhor. Acredito cada vez mais que seguir o coração não é errado. Mas a linha entre utopia e realidade é tênue e recheada de ilusões sedutoras. É aí que me perco: numa busca incessante por amor e aceitação, tropeçamos em nossos próprios desejos, anseios e, por que não, no passado. Colocamos tudo a perder, mesmo que nada tenha existido desde o começo.
Passei a não temer mais o futuro por um simples motivo: ele não existe. O futuro é aqui e agora. Como disse certa vez, dizer mais "não" pouparia-me um imenso sofrimento cada vez que deparo-me com esse impasse, com esse excesso de coisas que não dão em nada. Começo a acreditar que coisas boas acontecem conosco por merecimento e nesse momento eu pareço não merecer. Falta amor, eu sei. Mas como fazer quando todo mundo te julga autosuficiente nesse departamento? Os fiz acreditar, agora paciênca; contento-me com outros exemplares dele. Menos intensos, porém igualmente verdadeiros.
Não fui feita para choramingar ou para ligar para as opiniões de pessoas que julgam ter vidas perfeitas de comercial de margarina. Disseram-me que sou introspectiva demais. E sou mesmo, isso nunca me causou mal. O que apodrece o lado bom da gente, são essas tentativas quase suicidas de mergulhar em coisas incertas só pra sentir qualquer coisa. E esse meu "novo eu", mais comedido e mais maduro, quer parar. Ele diz chega quando eu não consigo. Sim, uma esquizofrenia. Como se não bastasse ser uma pessoa diferente a cada semana que passa.
Tentarei, de qualquer forma. Tentarei não reclamar. Tentarei fazer as pazes comigo mesma. Por ora só me resta encerrar este ensaio-desabafo com essas sentenças iniciadas por verbos no futuro do presente. Nada faria mais sentido.
I've been up for days
Trying to find a way to write this confession down
Seems every line I write is a mess
At least this I'll admit
Sei que não deveria reclamar tanto, visto que as agressões das quais sou vítima são causadas por mim mesma; resolvi parar de culpar o mundo e as pessoas por isso. Apesar desse "amadurecimento", não me vejo como uma pessoa melhor. Assumir minhas vontades fez com que eu me perdesse mais do que me encontrasse e isso só faz aumentar minha ansiedade. E todos os malefícios causados por ela. Castigo infinito por achar que sei cuidar de mim mesma e que sei lidar com as confusões sentimentais em que me meto.
Joguei fora toda a autoestima reconstruída nesses últimos dois anos. Fui até o fundo do poço de mim mesma só para sentir qualquer coisa: nem que fosse uma dor imensa por não saber o que fazer com meus pecados. Entreguei-me a toda quase possibilidade de relacionamento abrindo mão do que eu realmente acredito. Deixei que algumas coisas voltassem e, inevitavelmente, isso fez com que eu cutucasse suturas de feridas que eu nem lembrava que existiam. Esqueci-me de que esses "quases" sempre trazem consigo "nadas" infinitos, todos eles sempre prontos pra aumentar ainda mais o vácuo que há dentro de cada um de nós. Ou só de mim.
Agonia por não saber onde me encontro. Não há mais disfarces e por vezes o desespero transparece nas horas e situações mais impróprias. Prometi a mim mesma que perder a pessoa que eu mais amei na vida há dois anos não justificaria nenhum de meus futuros desacertos. Embora precise admitir aqui que a morte de uma pessoa querida nos transforma de muitas maneiras e nem sempre elas são boas. Sempre penso estar envergonhando-a, mesmo que ela não esteja mais nesse plano para me dar um (merecido) puxão de orelha.
Estou cada vez mais ciente de que o que ainda me mantém de pé são as poucas pessoas que faço questão de manter em minha vida. Se por um lado "uso" outras para me agredir, por outro tenho outras para me ajudar a ver o que não consigo. E vai ser sempre assim. Às vezes é preciso que os outros nos lembrem das nossas capacidades: seja de amar, seja de superar algo doloroso, seja de ser uma pessoa melhor. Acredito cada vez mais que seguir o coração não é errado. Mas a linha entre utopia e realidade é tênue e recheada de ilusões sedutoras. É aí que me perco: numa busca incessante por amor e aceitação, tropeçamos em nossos próprios desejos, anseios e, por que não, no passado. Colocamos tudo a perder, mesmo que nada tenha existido desde o começo.
Passei a não temer mais o futuro por um simples motivo: ele não existe. O futuro é aqui e agora. Como disse certa vez, dizer mais "não" pouparia-me um imenso sofrimento cada vez que deparo-me com esse impasse, com esse excesso de coisas que não dão em nada. Começo a acreditar que coisas boas acontecem conosco por merecimento e nesse momento eu pareço não merecer. Falta amor, eu sei. Mas como fazer quando todo mundo te julga autosuficiente nesse departamento? Os fiz acreditar, agora paciênca; contento-me com outros exemplares dele. Menos intensos, porém igualmente verdadeiros.
Não fui feita para choramingar ou para ligar para as opiniões de pessoas que julgam ter vidas perfeitas de comercial de margarina. Disseram-me que sou introspectiva demais. E sou mesmo, isso nunca me causou mal. O que apodrece o lado bom da gente, são essas tentativas quase suicidas de mergulhar em coisas incertas só pra sentir qualquer coisa. E esse meu "novo eu", mais comedido e mais maduro, quer parar. Ele diz chega quando eu não consigo. Sim, uma esquizofrenia. Como se não bastasse ser uma pessoa diferente a cada semana que passa.
Tentarei, de qualquer forma. Tentarei não reclamar. Tentarei fazer as pazes comigo mesma. Por ora só me resta encerrar este ensaio-desabafo com essas sentenças iniciadas por verbos no futuro do presente. Nada faria mais sentido.
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segunda-feira, 21 de maio de 2012
81
Naquela tarde de sexta-feira, a chuva começava a dar sinais com uns pingos tímidos caindo na janela do táxi. É só uma chuva passageira, dissera. A adoração por aquela cidade era evidente; naquelas ruas estava estampado um sonho, talvez um futuro próximo. Não saberia dizer se era por conta das amizades que ali mantinha ou por uma expectativa sobre aquelas noites que costumavam ser sempre satisfatórias. Um escape, sem dúvidas.
Quatro horas e meia. Esbarra em números tentando quantificar os momentos. Aquele frio no estômago e a indecisão banal sobre o que usar à noite deu lugar àquela boa tranquilidade alcoólica. À medida que aquelas garrafas sobre a mesa fossem esvaziadas nada disso teria importância. Ainda mais isso! Cigarros e uma proposta: não poderia jamais dizer não. Sabia que sua escrita sempre giraria em torno dessa temática batida, mas não adiantava mais lutar contra isso. Era inerente a ela e cada vez que tentou lutar contra "isso" foi uma batalha perdida. Sabia desde muito tempo que as trincheiras não eram um lugar seguro.
O que aconteceria era evidente. E sabia exatamente como se sentiria ao voltar. Obedeceria a esse desejo com vontade pela primeira vez. Era aquela já velha e conhecida carência falsamente preenchida. Só que dessa vez foi diferente. Veio sem culpa e deixou algo estranho em seu lugar. Naquele prelúdio de sábado era cedo e tarde demais. Despidos de qualquer pudor, eram envoltos simultaneamente nas palavras e no perfume um do outro. Uma simbiose perfeita. Os raios laranja que escapavam por entre as frestas da cortina contrastavam com aquele azul. Um par. Falava de si com uma naturalidade e uma franqueza absurdas. Aniversários próximos e tudo mais. Ficavam cada vez mais à vontade a cada verbo. E a cada toque...
Se naquele momento as palavras lhe faltassem, tinha a certeza de que escreveria sobre isso depois. Era capaz de transformar qualquer ser e qualquer acontecimento por mais insignificante que fosse, em algo completamente apaixonante. Embora insignificante não caiba na descrição daquelas duas noites. Menos de vinte e quatro horas cravadas na memória. As pessoas eram sua paixão e sua ruína na mesma medida. Quem sabe isso caberia como uma significação perfeita daquela compatibilidade astrológica. Temperamental também serviu na ocasião.
Engasga-se ao admitir que Queens of The Stone Age fez todo o sentido do mundo essa semana. E City and Colour no domingo foi providencial. Foi direcionado. Encontra-se aqui, tomando cuidado para não misturar primeira e terceira pessoa. Numa tentativa frustrada de descrever a intensidade daquelas horas e lutando para não admitir que espera revivê-las. I will see you again cabe perfeitamente nesse contexto de volta-espera-anseio. Ceder dá nisso e o faria um milhão de vezes se necessário. Só para relembrar. Quatro horas e meia. Oito e um. Coincidentemente uma data. Detalhes que só ela seria capaz de perceber. Ah, Josh, você tem toda razão...
I can't make you hang around. I can't wash you off my skin.
domingo, 6 de maio de 2012
Sinto muito blues
Quem sabe eu deveria dizer mais "não". Cozinhar melhor, cuidar da mente como cuido do corpo, terminar de ler aquele livro, andar mais descalço e talvez, digo, talvez te chamar pra ir ao cinema comigo. Porque, sabe, não quero mais esses bares. Essas festas e seus amigos babacas. Mas não posso. Acabo caindo nas minhas próprias armadilhas e quebrando minhas próprias promessas. Eu não sabia, mas deveria ter te escolhido desde o início e não ter sido uma idiota contigo. Agora não importa, não importam desculpas e nem justificativas pobres sobre minhas atitudes infames. Minhas. Tão minhas quanto um belo erro. Dos erros, sempre os melhores. Queria que você não os visse e, se possível, não os catalogasse. Até porque já o fiz. Se eu pudesse, te diria que és uma possibilidade minha. Que tive medo. Que fui estúpida desde antes de te conhecer. É tarde. E são pessoas demais, coisas demais, sentimentos demais. Tu sabe que eu tenho esse jeito assim, meio torto de gostar das coisas. Torto, alcoólico e sincero. Profundamente sincero.
domingo, 22 de abril de 2012
Don't wake up.
Adormeceu de exaustão e acordou com os pés na água fria. A princípio não reconheceu o lugar, mas aquilo lhe trazia uma paz e um alívio que jamais sentira. Ou que há tempos não sentia. O mar agitado e o vento gelado dificultavam a caminhada. Porém, o vazio do lugar não a incomodava e nem o fato daquele vestido branco tornar-se inutilizável depois de encostar na areia. Caminhou por um tempo considerável e não encontrou nada além de galhos secos e conchas. Instantes depois deparou-se com alguns rostos familiares. Lembra que falava com eles, mas não se recorda do diálogo. E talvez nem precisasse. Logo a paz que sentia seria perturbada por um tumulto. Aproximou-se e viu um corpo. Uma criança. Morta. Vendo o desespero da mãe, não conseguiu esboçar qualquer tipo de reação. Um pavor intenso e uma sensação já bastante conhecida inundava cada centímetro de seu corpo. Não conseguia pensar em nada concreto. A cena bizarra não parecia real e ela tinha plena consciência de que não era mesmo. Tinha certeza apenas que as lágrimas que derramava pelo pequeno cadáver eram as mesmas de horas anteriores. Sentiu um enjoo forte e abriu os olhos. As paredes amarelas continuavam ali, apesar do quarto parecer girar causando-lhe um certo desconforto. Levantou, bebeu dois copos do suco de laranja que havia na geladeira, olhou seu rosto inchado e deitou-se novamente. Tinha certeza que qualquer sonho por mais mórbido que fosse, seria melhor que aquelas noites de merda numa realidade idem.
terça-feira, 17 de abril de 2012
It's sad when you feel uncomfortable in your own skin.
Especialmente quando você sente todos os dedos apontados em sua direção. Ou quando engole a seco a vontade de cuspir na cara de certas pessoas. Não, eu não acho que julgar quem quer que seja nos faz seres humanos melhores. Ninguém tem esse direito. Assim como ninguém tem o direito de fazer comentários miseráveis somente porque se sente uma pessoa medíocre. Uma palavra má posicionada e pronto, está desencadeada uma avalanche de auto-estima. E ficamos ali, parados, tomando porrada. Tem gente que acha que a intimidade pode transpor o respeito, quando esse sim deveria estar no topo da lista de prioridades das relações humanas. Mas tudo bem, você pode ficar aí com suas ações ponderadas, de pessoa comedida, respeitada e com a tua vida "perfeita". Tudo bem mesmo. E parabéns por cumprir todas as regras da cartilha do "bom comportamento". Só não se esqueça que enquanto você segue à risca o que os outros esperam que você faça, você não vive e não faz o que gostaria. E segue apontando o dedo para os outros quando deveria se olhar no espelho.
domingo, 8 de abril de 2012
Não permitido
Não sei querer. E meus olhos sempre me traem. Eles não veem por onde eu tropeço. Trôpega, enxergo somente aquilo que consigo tocar. Enxergo com as mãos, sinto com a pele. Noite e dia trocando de lugar. Alternam-se claro e escuro com uma rapidez que nos passa despercebida. Não existe tempo. Não existem horas. É como se três dias passassem em um só. Aí eu percebo, bem lá no cantinho, escamoteado, um propósito. Esperando aquele velho e bom motivo para transbordar. O motivo de sempre. Algo que roube o fôlego que ultimamente só cigarros consumidos ferozmente conseguem tirar. Notívagos, esvaziam garrafas compartilhando meia dúzia de palavras completamente sem sentido. Sem confessarem propriamente o motivo de ainda estarem ali. Restou, enfim, um par. As horas derradeiras, os copos vazios. Tudo se fundia perfeitamente: a música, as risadas, a calma. A certeza. Um desejo não permitido. O chão frio não importava. O chão frio e áspero parecia mais macio do que qualquer colchão em que já tenha deitado. E eu quis, mas não pude. A música preenchia o lugar e os espaços vazios que havia entre os dois. Contentei-me apenas em observar as luzes coloridas no teto. Antecipada a confissão já na primeira linha: não sei querer. Porque não mereço. E porque tenho certeza de que jamais compartilharemos nada além que fins de noite e uma porção de desencontros. Guardei os cigarros para a próxima vez. Em que nada será. Quer?
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Vocês
Cada dia que passa tenho mais certeza que toda minha força vital provém dessas pessoas maravilhosas que eu chamo de amigos. Todos os dias surpreendo-me com a generosidade, a compreensão e o carinho desses seres humanos maravilhosos que tive a sorte de encontrar e que me convencem que eu não sou um completo fracasso como eu costumo pensar. Eles que mesmo não estando presentes fisicamente, estão prontos para aparar qualquer queda, brusca ou não. Compartilhar o riso e o choro, as cervejas ou a sala de aula. Que não importa o que pensem de mim ou o que eu mesma pense de mim, me amarão incondicional e verdadeiramente. Com todo o direito de ser assim piegas e tola. Sentimo-nos fortes só de ver que eles estarão lá, nos esperando; inteiros ou em frangalhos. Estão lá só para provar que a vida ingrata, às vezes, vale a pena. Se você tiver com quem compartilhá-la, claro. A vocês, um brinde. E um muito obrigada. Por tudo.
terça-feira, 20 de março de 2012
Wrong choice
Triste chegar à conclusão de que tudo dá errado na minha vida há exatos dois anos apenas porque eu poderia ter feito uma escolha completamente diferente. Só uma. E, já que eu eu tenho que arcar com isso por pelo menos mais dois anos, meu único consolo é acreditar que exista um propósito nisso. Porque se não existir, bem, nada pode ficar mais cagado do que já está.
sexta-feira, 16 de março de 2012
De repente todo um esforço a fim de agradar quem quer que seja deixa de fazer sentido. Você aprende a dizer mais "não". Você percebe que, às vezes, é melhor mesmo estar só do que ouvindo bobagens. Você escolhe o sapato mais confortável e não aquele que vão achar mais "estiloso". Você restringe as suas amizades apenas àquelas que valem a pena. Não sente mais necessidade de ser simpático o tempo todo só para que te achem agradável. Dá-se o direito de se sentir triste e mau-humorado de vez em quando. Assume suas vontades, seus atos e alguns erros que provêm deles. Escolhe melhor a quem vai entregar seu corpo e seu afeto. Começa a priorizar o que mais dá prazer. Enfim, quando você começa a perceber que passou mais da metade da sua vida preocupando-se com o que poderia estar na cabeça dos outros a seu respeito, é hora de parar. É muito mais genuíno alguém gostar de você pelo que realmente é do que gastar mais alguns anos moldando algum tipo de estereótipo qualquer sobre o que você acha que as pessoas esperam de você. Não é possível viver como um personagem para sempre. Até porque, os atores sempre tiram a maquiagem após o término do espetáculo...
sábado, 3 de março de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Bagagem
Eu sabia que em alguma hora isso iria acontecer. Que teria de enfrentar todas as coisas que se passariam na minha cabeça na véspera da tua partida. Então, cá estou numa tentativa de expressar adequadamente aquilo que sinto em relação a isso. E para teres certeza de que nossa amizade não mudará com essa distância cretina. Bem, lá vou eu.
Vai fazer um ano do início de tudo. Daquilo que começou controverso e que, aos olhos daqueles que nos conheciam, era estranho. Como elas poderiam se tornar amigas? Como? Lembro-me como se fosse ontem do pavor que senti quando vieste falar comigo. Não sabia o que esperar além de xingamentos óbvios. Ao invés disso, quiseste esclarecer todo aquele incidente e, de certa forma, achei incrível. E dali em diante teria início algo que somente a palavra "amizade" não seria suficiente para descrever.
Março de 2011. Grito Rock. Não sou mais tão boa com datas quanto costumava. Só recordo do frio na barriga de não saber o que esperar. Porque sim, estava indo ao encontro de uma pessoa que até então me "odiara". Todo o receio se desfez assim que abriste a porta e me recebeu tão naturalmente na tua casa. Com vodka. Foi um misto de alívio e alegria. Aposto que nem nossos amigos que presenciaram a cena, acreditavam no que viam. Mas foi intenso desde o princípio e já voltei com a certeza de que te veria de novo. Só não sabia no que isso se transformaria.
"Alma gêmea loira". Não tem melhor descrição. Tão parecidas e de certa forma diferentes; complementares. Já estou aqui imaginando tudo que é nosso, só que sem tua presença. As músicas, os lugares e as piadas que a gente inventou (ou plagiou do Marcelo) para rir daqueles que querem nos ver pelas costas. Diziam Que e You Only Live Once não terão a mesma graça, perderão totalmente o propósito. Elas e todas as ruas e cidades pelas quais costumávamos andar. Fico ensaiando meu retorno a eles e não consigo deixar de pensar em como será. Meio "vazio", eu suponho.
Foram tantas as aventuras que algumas até me escapam. Ficam perdidas em meio à outras coisas tão importantes quanto. Desde as choradeiras até aquela generosidade e o cuidado uma com a outra já tão conhecido. Do nosso jeito, claro. Respeitando uma o espaço da outra e sem cobranças. Como tu mesmo já disse, nosso encontro foi muito "destino" e jogar isso ao acaso é loucura. Farei de tudo para que o que construímos não morra e tenho certeza de que farás o mesmo.
As outras coisas que tinham que ser ditas estão na carta imensa que escrevi. Confiei o que pude à memória, inclusive os soninhos com o Sahar. As rodoviárias, as caronas, a polícia, as fotos, as piadas, eu lá e você aqui. Tudo. Os dias que virão serão de certa forma inimigos. O que me conforta é que estarás bem. E quando não estiver, já sabe. Daqui eu não saio. Separadas agora não por algumas rodoviárias, mas aeroportos, escalas, países e um fuso-horário que eu nem sei de quantas horas é. O importante é o que levamos dentro de nós, não é? Repito: Shakespeare foi um sádico filho da puta quando disse que a "despedida é uma dor tão doce". Elas são mortais, isso sim. Mas a gente consegue deixar um pedacinho intacto; aquilo que a saudade não destruir, para o reecontro. Esses sim são doces.
Boa viagem, blondie. Dublin ficará muito mais bonita com você lá, não tenho dúvidas. Te amo e te espero. We're in this together.
Vai fazer um ano do início de tudo. Daquilo que começou controverso e que, aos olhos daqueles que nos conheciam, era estranho. Como elas poderiam se tornar amigas? Como? Lembro-me como se fosse ontem do pavor que senti quando vieste falar comigo. Não sabia o que esperar além de xingamentos óbvios. Ao invés disso, quiseste esclarecer todo aquele incidente e, de certa forma, achei incrível. E dali em diante teria início algo que somente a palavra "amizade" não seria suficiente para descrever.
Março de 2011. Grito Rock. Não sou mais tão boa com datas quanto costumava. Só recordo do frio na barriga de não saber o que esperar. Porque sim, estava indo ao encontro de uma pessoa que até então me "odiara". Todo o receio se desfez assim que abriste a porta e me recebeu tão naturalmente na tua casa. Com vodka. Foi um misto de alívio e alegria. Aposto que nem nossos amigos que presenciaram a cena, acreditavam no que viam. Mas foi intenso desde o princípio e já voltei com a certeza de que te veria de novo. Só não sabia no que isso se transformaria.
"Alma gêmea loira". Não tem melhor descrição. Tão parecidas e de certa forma diferentes; complementares. Já estou aqui imaginando tudo que é nosso, só que sem tua presença. As músicas, os lugares e as piadas que a gente inventou (ou plagiou do Marcelo) para rir daqueles que querem nos ver pelas costas. Diziam Que e You Only Live Once não terão a mesma graça, perderão totalmente o propósito. Elas e todas as ruas e cidades pelas quais costumávamos andar. Fico ensaiando meu retorno a eles e não consigo deixar de pensar em como será. Meio "vazio", eu suponho.
Foram tantas as aventuras que algumas até me escapam. Ficam perdidas em meio à outras coisas tão importantes quanto. Desde as choradeiras até aquela generosidade e o cuidado uma com a outra já tão conhecido. Do nosso jeito, claro. Respeitando uma o espaço da outra e sem cobranças. Como tu mesmo já disse, nosso encontro foi muito "destino" e jogar isso ao acaso é loucura. Farei de tudo para que o que construímos não morra e tenho certeza de que farás o mesmo.
As outras coisas que tinham que ser ditas estão na carta imensa que escrevi. Confiei o que pude à memória, inclusive os soninhos com o Sahar. As rodoviárias, as caronas, a polícia, as fotos, as piadas, eu lá e você aqui. Tudo. Os dias que virão serão de certa forma inimigos. O que me conforta é que estarás bem. E quando não estiver, já sabe. Daqui eu não saio. Separadas agora não por algumas rodoviárias, mas aeroportos, escalas, países e um fuso-horário que eu nem sei de quantas horas é. O importante é o que levamos dentro de nós, não é? Repito: Shakespeare foi um sádico filho da puta quando disse que a "despedida é uma dor tão doce". Elas são mortais, isso sim. Mas a gente consegue deixar um pedacinho intacto; aquilo que a saudade não destruir, para o reecontro. Esses sim são doces.
Boa viagem, blondie. Dublin ficará muito mais bonita com você lá, não tenho dúvidas. Te amo e te espero. We're in this together.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
I'm alone on a bicycle for two.
Abri o blog só para tentar organizar os pensamentos e aquela ânsia de escrever. O difícil é colocar toda essa gama de sentimentos e sensações em palavras, digamos, simples. Têm sido dias estranhos, despedidas deixam-me bagunçada por dentro. Despedidas implicam mudanças e toda aquela coisa de acostumar-se com a ausência, mas prefiro guardar isso para outro momento.
Encontro-me numa confusão tremenda. Dias péssimos sempre trazem sonhos estranhos e com eles vêm algumas vontades escondidas; escamoteadas em meio ao meu subconsciente. Procuro prestar atenção nesses "sinais" pois em alguns deles estão meus verdadeiros anseios e acima de tudo as coisas das quais eu sinto falta. É possível sentir falta daquilo que nunca tivemos? Não tenho certeza, mas penso que isso tem a ver com algo nunca antes visto e que gostaríamos de experimentar, de sentir.
Gosto da minha introspecção por isso: o silêncio me ajuda a colocar os pensamentos no lugar. Passo horas e horas pensando e, embora às vezes isso não me leve a lugar algum, me acalma. É como se precisássemos dar um tempo de tudo e de todo mundo. Há quem tenha problemas em ficar na sua própria companhia. Para mim não há mal algum. Tá certo que para uma menina de vinte e um anos o certo seria estar em algum lugar com uma música ensurdecedora e enchendo a cara de cerveja, mas essa concepção de "diversão" às vezes não preenche meus vazios, minhas carências. O bom de ir se conhecendo melhor com o passar dos anos é que você aprende a respeitar os seus momentos e as suas vontades. Tudo bem que o tédio vem como um bônus nessas noites de auto-análise, mas, mesmo assim, gosto dessas noites que parecem ter duzentas horas.
Óbvio que tem o lado ruim também. Óbvio. Assim como na minha vida em que, aliás, o lado ruim se sobressai. Fico aqui pairando acerca da minha mediocridade. Solitária e frágil. Fazendo milhões de indagações que vão desde de "como as pessoas me veem" até "será que eu passo a impressão de uma pessoa auto-suficiente demais?". Ridículo, eu sei. Mas colocam minha cabecinha para pensar fazendo-me refutar minhas próprias teorias. Não é possível que viverei por mais algum tempo considerável nadando em culpa e amargura. Coisas como essa vão além de um simples querer e penso não estar pronta. Só sei do que não quero e isso já é alguma coisa.
Sempre fui uma defensora de que primeiro é preciso cuidar de si para depois doar-se aos outros. E vou continuar defendendo. O que talvez eu não tenha pensado é que o outro também pode cuidar de nós e vice-versa. Ainda não achei ser humano leal e paciente a esse ponto. E disposto a aturar alguém tão rabugento quanto eu. Excesso de desamores mata a gente e nos deixa assim, pensando, refletindo e pensando mais um pouco. Nada precisa ser tão solitário e deprimente. Diz a garota que preferiu passar o sábado em casa ao invés de encher a cara de cerveja.
My eyes are so bleary
I guess I'm young but i feel so weary
I've tried to express it
But I think its all a bore
Its at the heart of me
A very part of me
Encontro-me numa confusão tremenda. Dias péssimos sempre trazem sonhos estranhos e com eles vêm algumas vontades escondidas; escamoteadas em meio ao meu subconsciente. Procuro prestar atenção nesses "sinais" pois em alguns deles estão meus verdadeiros anseios e acima de tudo as coisas das quais eu sinto falta. É possível sentir falta daquilo que nunca tivemos? Não tenho certeza, mas penso que isso tem a ver com algo nunca antes visto e que gostaríamos de experimentar, de sentir.
Gosto da minha introspecção por isso: o silêncio me ajuda a colocar os pensamentos no lugar. Passo horas e horas pensando e, embora às vezes isso não me leve a lugar algum, me acalma. É como se precisássemos dar um tempo de tudo e de todo mundo. Há quem tenha problemas em ficar na sua própria companhia. Para mim não há mal algum. Tá certo que para uma menina de vinte e um anos o certo seria estar em algum lugar com uma música ensurdecedora e enchendo a cara de cerveja, mas essa concepção de "diversão" às vezes não preenche meus vazios, minhas carências. O bom de ir se conhecendo melhor com o passar dos anos é que você aprende a respeitar os seus momentos e as suas vontades. Tudo bem que o tédio vem como um bônus nessas noites de auto-análise, mas, mesmo assim, gosto dessas noites que parecem ter duzentas horas.
Óbvio que tem o lado ruim também. Óbvio. Assim como na minha vida em que, aliás, o lado ruim se sobressai. Fico aqui pairando acerca da minha mediocridade. Solitária e frágil. Fazendo milhões de indagações que vão desde de "como as pessoas me veem" até "será que eu passo a impressão de uma pessoa auto-suficiente demais?". Ridículo, eu sei. Mas colocam minha cabecinha para pensar fazendo-me refutar minhas próprias teorias. Não é possível que viverei por mais algum tempo considerável nadando em culpa e amargura. Coisas como essa vão além de um simples querer e penso não estar pronta. Só sei do que não quero e isso já é alguma coisa.
Sempre fui uma defensora de que primeiro é preciso cuidar de si para depois doar-se aos outros. E vou continuar defendendo. O que talvez eu não tenha pensado é que o outro também pode cuidar de nós e vice-versa. Ainda não achei ser humano leal e paciente a esse ponto. E disposto a aturar alguém tão rabugento quanto eu. Excesso de desamores mata a gente e nos deixa assim, pensando, refletindo e pensando mais um pouco. Nada precisa ser tão solitário e deprimente. Diz a garota que preferiu passar o sábado em casa ao invés de encher a cara de cerveja.
My eyes are so bleary
I guess I'm young but i feel so weary
I've tried to express it
But I think its all a bore
Its at the heart of me
A very part of me
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Talvez o último
Com a chegada de um novo ciclo de acontecimentos, uma reflexão - por menor que seja - faz-se necessária. Joga-se fora o que já não tem mais tanto sentido para dar espaço a algo desconhecido, porém renovado. O futuro é agora, aqui, já. Embora seja uma incógnita, sinto-me perdida em um amontoado de coisas e sensações que já não fazem mais sentido. Injeto coragem, rabisco alguns planos a curto prazo e elaboro mentalmente uma rota para seguir. Condenei de todas as formas possíveis uma covardia da qual fui refém; fruto de traumas que serviram durante algum tempo de justificativas para todo e qualquer tipo de desacerto.
Promessas não existem por aqui. Uma vez feitas, fica difícil cumpri-las. A única forma que encontrei de fazer alguma coisa funcionar e não me frustrar tanto com a minha existência foi pensar um pouco mais em mim. Sem qualquer tipo de culpa por isso ou sem me sentir uma egoísta. Às vezes olhar para o próprio umbigo faz bem - assim você pode construir uma vivência mais saudável com aqueles que o cercam.
Durante muito tempo tive dúvidas e medo: sentimentos extremamente paralisantes. Talvez ninguém entenda o objetivo do que poderia ser um discurso libertário e nem espero que o façam. Soltar-se daquilo que nos puxa para trás não é tarefa fácil e a busca pela felicidade exige renúncias. E nem só a busca pela felicidade, mas o reconhecimento de que existe muito mais para ser visto. Penso que só assim somos capazes de adquirir alguma vivência; se ficarmos restritos a trivialidades corremos o risco de perder experiências incríveis.
Ando enfastiada, com uma fadiga enorme e enjoada da mesmice. Cansada de ver todo mundo ir e de ter a impressão de que o mundo gira sem mim, de que os dias passam iguais. Quero mais, sempre quis. E lamentações nunca foram meu forte. Os tapas na cara dessa "passagem" chamada vida já me foram suficientes. Apavora-me o fato de galgar uma existência feita de "pentimentos" como li esses dias. Construiram-se bons alicerces e por agora penso que são suficientes se caso algo der errado. Nada é permanente, mas é preciso ir. Segue-se o fluxo e o futuro é ambicioso.
Alimento-me da insegurança que ainda me atormenta e que ao mesmo tempo serve de combustível para algo maior. Não estamos ficando jovens com o passar dos dias. Constatação infeliz, porém necessária. O tempo é inimigo e sempre trabalha contra. Sentar e esperar que algo de bom caia no meu colo não é uma opção. Executar e não apenas sonhar. O medo que tanto me assombrou hoje diminui de tamanho: ponho ele num cantinho e sigo. Há espaço para outras coisas e, acima de tudo, há vontade. Vontade de ser mais do que alguém medíocre. Eu quero ir atrás daquilo que faz bem. Levando comigo somente aquilo que faz bem e que me impulsiona. Tenho a impressão de que só assim terei pelo menos uma nesga daquilo que nos torna seres humanos menos pífios. De concreto, algumas dúvidas apenas. Torço para que as respostas estejam no caminho.
"Eu fui cuidar de mim".
Promessas não existem por aqui. Uma vez feitas, fica difícil cumpri-las. A única forma que encontrei de fazer alguma coisa funcionar e não me frustrar tanto com a minha existência foi pensar um pouco mais em mim. Sem qualquer tipo de culpa por isso ou sem me sentir uma egoísta. Às vezes olhar para o próprio umbigo faz bem - assim você pode construir uma vivência mais saudável com aqueles que o cercam.
Durante muito tempo tive dúvidas e medo: sentimentos extremamente paralisantes. Talvez ninguém entenda o objetivo do que poderia ser um discurso libertário e nem espero que o façam. Soltar-se daquilo que nos puxa para trás não é tarefa fácil e a busca pela felicidade exige renúncias. E nem só a busca pela felicidade, mas o reconhecimento de que existe muito mais para ser visto. Penso que só assim somos capazes de adquirir alguma vivência; se ficarmos restritos a trivialidades corremos o risco de perder experiências incríveis.
Ando enfastiada, com uma fadiga enorme e enjoada da mesmice. Cansada de ver todo mundo ir e de ter a impressão de que o mundo gira sem mim, de que os dias passam iguais. Quero mais, sempre quis. E lamentações nunca foram meu forte. Os tapas na cara dessa "passagem" chamada vida já me foram suficientes. Apavora-me o fato de galgar uma existência feita de "pentimentos" como li esses dias. Construiram-se bons alicerces e por agora penso que são suficientes se caso algo der errado. Nada é permanente, mas é preciso ir. Segue-se o fluxo e o futuro é ambicioso.
Alimento-me da insegurança que ainda me atormenta e que ao mesmo tempo serve de combustível para algo maior. Não estamos ficando jovens com o passar dos dias. Constatação infeliz, porém necessária. O tempo é inimigo e sempre trabalha contra. Sentar e esperar que algo de bom caia no meu colo não é uma opção. Executar e não apenas sonhar. O medo que tanto me assombrou hoje diminui de tamanho: ponho ele num cantinho e sigo. Há espaço para outras coisas e, acima de tudo, há vontade. Vontade de ser mais do que alguém medíocre. Eu quero ir atrás daquilo que faz bem. Levando comigo somente aquilo que faz bem e que me impulsiona. Tenho a impressão de que só assim terei pelo menos uma nesga daquilo que nos torna seres humanos menos pífios. De concreto, algumas dúvidas apenas. Torço para que as respostas estejam no caminho.
"Eu fui cuidar de mim".
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Seguir
A única coisa boa que você tira de uma experiência ruim é o aprendizado. É você poder chegar para alguém e dizer que depois das dificuldades "tudo vai passar". Porque, claro, para nós que continuamos aqui nesse planeta a vida continua. Não vai ficar mais fácil: você pode achar que superou e, de repente, sentir aquele aperto no peito no meio do seu café da tarde. Não vai ficar mais fácil por esse motivo bem simples: perder os pais é algo natural, mas que nenhum de nós está preparado. É arrasador em qualquer fase da vida, sejamos mais maduros ou não. O único consolo que eu poderia dar é que um dia a gente acorda e tudo está no lugar novamente. A gente só fica bem quando esquece que tem a obrigação de ficar bem. Nós sobrevivemos, enfim. E a vida segue...
domingo, 8 de janeiro de 2012
Epic
Pra dar errado, basta planejar. O que estava previsto era evidente. Ao fim de tudo, cadeiras, conversas e garoa. Já era tarde e o dia tomava forma à medida que as luzes ainda acesas tornavam-se desnecessárias. Algumas sensações incômodas persistiram; aliás elas vêm se acumulando desde a volta. Embora nada tenha a ver com aquelas horas tão doces que antecediam aquele amanhecer violeta. Chegaram tão perto...
- Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás.
- Nem sei porque eu disse essa frase. Odeio essa merda, é tão clichê!
Em seguida uma sequência daqueles sorrisos matadores envoltos em fumaça. Nada mais.
- Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás.
- Nem sei porque eu disse essa frase. Odeio essa merda, é tão clichê!
Em seguida uma sequência daqueles sorrisos matadores envoltos em fumaça. Nada mais.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Born to be wild
2012 com cheiro de bebê. Um ano novinho em folha, cheio de novidades. É, 2011 terminou e já vai tarde. Pra esse ano o que eu quero? Coisas boas, claro. Sem grandes promessas e planos mirabolantes. Vamos fazer o melhor que pudermos com o melhor que temos. Simples assim.
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