Eu sabia que em alguma hora isso iria acontecer. Que teria de enfrentar todas as coisas que se passariam na minha cabeça na véspera da tua partida. Então, cá estou numa tentativa de expressar adequadamente aquilo que sinto em relação a isso. E para teres certeza de que nossa amizade não mudará com essa distância cretina. Bem, lá vou eu.
Vai fazer um ano do início de tudo. Daquilo que começou controverso e que, aos olhos daqueles que nos conheciam, era estranho. Como elas poderiam se tornar amigas? Como? Lembro-me como se fosse ontem do pavor que senti quando vieste falar comigo. Não sabia o que esperar além de xingamentos óbvios. Ao invés disso, quiseste esclarecer todo aquele incidente e, de certa forma, achei incrível. E dali em diante teria início algo que somente a palavra "amizade" não seria suficiente para descrever.
Março de 2011. Grito Rock. Não sou mais tão boa com datas quanto costumava. Só recordo do frio na barriga de não saber o que esperar. Porque sim, estava indo ao encontro de uma pessoa que até então me "odiara". Todo o receio se desfez assim que abriste a porta e me recebeu tão naturalmente na tua casa. Com vodka. Foi um misto de alívio e alegria. Aposto que nem nossos amigos que presenciaram a cena, acreditavam no que viam. Mas foi intenso desde o princípio e já voltei com a certeza de que te veria de novo. Só não sabia no que isso se transformaria.
"Alma gêmea loira". Não tem melhor descrição. Tão parecidas e de certa forma diferentes; complementares. Já estou aqui imaginando tudo que é nosso, só que sem tua presença. As músicas, os lugares e as piadas que a gente inventou (ou plagiou do Marcelo) para rir daqueles que querem nos ver pelas costas. Diziam Que e You Only Live Once não terão a mesma graça, perderão totalmente o propósito. Elas e todas as ruas e cidades pelas quais costumávamos andar. Fico ensaiando meu retorno a eles e não consigo deixar de pensar em como será. Meio "vazio", eu suponho.
Foram tantas as aventuras que algumas até me escapam. Ficam perdidas em meio à outras coisas tão importantes quanto. Desde as choradeiras até aquela generosidade e o cuidado uma com a outra já tão conhecido. Do nosso jeito, claro. Respeitando uma o espaço da outra e sem cobranças. Como tu mesmo já disse, nosso encontro foi muito "destino" e jogar isso ao acaso é loucura. Farei de tudo para que o que construímos não morra e tenho certeza de que farás o mesmo.
As outras coisas que tinham que ser ditas estão na carta imensa que escrevi. Confiei o que pude à memória, inclusive os soninhos com o Sahar. As rodoviárias, as caronas, a polícia, as fotos, as piadas, eu lá e você aqui. Tudo. Os dias que virão serão de certa forma inimigos. O que me conforta é que estarás bem. E quando não estiver, já sabe. Daqui eu não saio. Separadas agora não por algumas rodoviárias, mas aeroportos, escalas, países e um fuso-horário que eu nem sei de quantas horas é. O importante é o que levamos dentro de nós, não é? Repito: Shakespeare foi um sádico filho da puta quando disse que a "despedida é uma dor tão doce". Elas são mortais, isso sim. Mas a gente consegue deixar um pedacinho intacto; aquilo que a saudade não destruir, para o reecontro. Esses sim são doces.
Boa viagem, blondie. Dublin ficará muito mais bonita com você lá, não tenho dúvidas. Te amo e te espero. We're in this together.
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