domingo, 22 de abril de 2012
Don't wake up.
Adormeceu de exaustão e acordou com os pés na água fria. A princípio não reconheceu o lugar, mas aquilo lhe trazia uma paz e um alívio que jamais sentira. Ou que há tempos não sentia. O mar agitado e o vento gelado dificultavam a caminhada. Porém, o vazio do lugar não a incomodava e nem o fato daquele vestido branco tornar-se inutilizável depois de encostar na areia. Caminhou por um tempo considerável e não encontrou nada além de galhos secos e conchas. Instantes depois deparou-se com alguns rostos familiares. Lembra que falava com eles, mas não se recorda do diálogo. E talvez nem precisasse. Logo a paz que sentia seria perturbada por um tumulto. Aproximou-se e viu um corpo. Uma criança. Morta. Vendo o desespero da mãe, não conseguiu esboçar qualquer tipo de reação. Um pavor intenso e uma sensação já bastante conhecida inundava cada centímetro de seu corpo. Não conseguia pensar em nada concreto. A cena bizarra não parecia real e ela tinha plena consciência de que não era mesmo. Tinha certeza apenas que as lágrimas que derramava pelo pequeno cadáver eram as mesmas de horas anteriores. Sentiu um enjoo forte e abriu os olhos. As paredes amarelas continuavam ali, apesar do quarto parecer girar causando-lhe um certo desconforto. Levantou, bebeu dois copos do suco de laranja que havia na geladeira, olhou seu rosto inchado e deitou-se novamente. Tinha certeza que qualquer sonho por mais mórbido que fosse, seria melhor que aquelas noites de merda numa realidade idem.
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