terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mais uma bizarrice cotidiana.

Ironia do destino. Sincronicidade. Infeliz coincidência. Passei o resto do dia tentando achar um nome ou melhor, uma denominação sobre um "caso" que me foi arremessado no início da tarde. Acertou bem na boca do meu estômago. Foi um misto de ficar sem ação com criança pega no pulo quando faz besteira. Eu simplesmente não entendi nada até agora. Quis rir. De desespero eu acho. Não, também não é desespero. Foi um incômodo que ficou. Esperaria qualquer reação, qualquer uma. Não reagiu. Não reagi. Fingiu-se uma compreensão estranha. Estavam quites. Mais uma vez o acaso pregou uma peça infalível; fez-se uma piada dos dois. Piada essa que ninguém riu. Se riu foi de desespero. Não quis aquela sinceridade. "Ainda és tu". Claro que sim. Ainda sou eu, por que não seria? Por que diabos não seria? Pareceu querer me libertar de algo ruim. Mais risos. Foi de nervoso? Jura que não incomodou nem um pouco? Bom, claro que não. Por que incomodaria? Afinal, sou bicho solto. És também. Estamos ambos em pé de igualdade. Pra mim teve gosto de "coisa errada". Pra ti nem tanto, afinal "não vales nada". História sem pé nem cabeça essa. Por que as pessoas têm que "mexer" no passado umas das outras? Por que elas chamam algumas pessoas de amigo e no outro dia, de repente, estão à caça das pessoas que outrora foram dos supostos "amigos"? POR QUE? Por que elas acham que isso não machuca? Por que desrespeitar? Por que elas acham que podem fazer as coisas e depois ninguém ficar sabendo? Pra depois ter que ficar escondendo? Tá ok, eu não queria que soubesse. Não por pretensão de repetir o ato falho, mas porque talvez te "magoasse" se descobrisse. Talvez aí esteja a diferença. Não são justificativas. Não é um pedido de desculpas. Não fizemos nada errado. Não estamos fazendo nada de errado. Você reagiu? Eu reagi.



Fez-se um nó gigante nos pensamentos. O sono há de desatar.

domingo, 28 de novembro de 2010

"É difícil aprisionar os que têm asas."

Existe um verme pequenino que mora dentro de cada um de nós. Cada um tem o seu e o denomina de acordo com aquilo que menos gosta em si ou com o que mais incomoda. O meu deve se chamar "insatisfaçãovontadedejogartudoproaltoesairpelomundo". Eu tenho essa mania de quando as coisas não dão certo querer correr, voar, sei lá. Vontade essa que demora a passar. Descobri nesse ano cheio de readaptações e descobertas, que eu adoro viajar. Porque a estrada, além de ser um lugar fascinante, me acalma. Só ali, naquele curto (às vezes nem tanto) espaço de tempo eu consigo colocar algumas coisas em ordem e ter a sensação verdadeira de que de um lado eu deixo o que não quero pra trás, e de outro, vai ter alguém em algum lugar esperando pela minha chegada ou pelo meu retorno. É mágico. É sentir-se livre de verdade. Isso sem falar das pessoas que tu encontra pelo caminho, todas elas fascinantes! Com aqueles sotaques, costumes, histórias pra contar... Ultimamente a estrada tem sido solitária. Não que isso seja ruim, não é. Só que às vezes parece que não há "um porto", um lugar em que se possa atracar. Por isso o nome do verme é insatisfação. "Insatisfação crônica" como diria o mestre Woody Allen. Nociva, muitas vezes. Por isso a necessidade de pular de galho em galho à procura de algo que pode nem existir. Mas a busca, ah, essa é sempre fascinante. E chegar em algum lugar novo, sem saber o que encontrar, sem conhecer as ruas, os rostos, sem ninguém te conhecer é libertador. A necessidade de voos maiores está aumentando. E uma vez nascidas as asas, fica difícil querer desperdiçar o "dom de voar" dentro de uma gaiola. Hoje eu acordei com essa vontade. As asinhas cresceram. E deve ser esse o tal gosto daquilo que chamam de "liberdade".



Talvez esse tempo todo, o vagalume que voa pra lá e pra cá fosse eu.



"Easy like a sunday morning."

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Queijo e Goiabada.

Cada vez que eu leio me parece diferente. E essa passagem é uma das minhas preferidas.


JULIETA Romeu?
ROMEU Minha querida!
JULIETA A que horas devo mandar alguém encontrá-lo, amanhã?
ROMEU Às nove.
JULIETA Um século até lá... Mas esqueci o que tinha a dizer.
ROMEU Eu espero aqui até você lembrar.
JULIETA Vou esquecer pra você ficar aí, só me recordando de como é bom a sua companhia.
ROMEU E eu vou ficando para que você se esqueça, enquanto esqueço todos os lugares além daqui.
JULIETA É quase dia. Você deve ir, porém não mais longe do que um passarinho de brinquedo de uma menina, que ela finge soltar, mas logo traz de volta ao ninho da mão, puxando-o por um fio de seda, tão ciumenta ela é de sua liberdade...
ROMEU Se eu fosse esse passarinho...
JULIETA Mas eu o mataria de tantos carinhos! Boa noite. A despedida é uma dor tão doce...
ROMEU Que o sono venha aos seus olhos, e a paz ao seu peito! Queria ser esse dois!... Agora, vou procurar meu conselheiro espiritual, pois meu destino precisa de um bom guia.



Boa noite, pirilampos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Estrela ou vagalume?

Fazer uma força descomunal pra mover algum tipo de atmosfera imutável a meu favor. Ou melhor: tentar fazer o possível pra ter uma parcela de algo que nunca será pertencente à. Nunca? Vejamos... Tentar correr e atravessar os dias pra tentar agarrar ou sei lá, "guardar" uma parte daqueles que sempre foram "infinitos variáveis". Alguns até esperas, alguns até tropeços. É como areia fina que escapa entre os dedos: fica presa por alguns segundos e se esvai. É fugaz, efêmero, tempo contado. Antes não era, já que não havia o debruçar sobre a janela esperando o dia correr pra que chegue mais perto. Proximidade relativa, essa. Pode-se correr, correr e sempre estará inalcansável. Toda a velocidade que puder ter é inútil pra tentar alcançar um ser alado. É cometa, é estrela, um planeta em alguma galáxia perdida. Qualquer coisa que possa dizer que... Não se sabe mais. Quando já se quer mais do que se pode ter...


Porque há aqueles vagalumes raros que queríamos aprisionar num pote de vidro.


Às vezes é preciso admitir. E só.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Bukowskiando

Sabia que Charles seria excelente companhia para esta madrugada. Ah, a madrugada! Tão sedutora com suas esquinas e fumaças e sarjetas. E mulheres, claro. Charles adorava falar de suas mulheres. "Suas". Contou-me antes sobre uma tal ruiva, escreveu-lhe um poema. E depois contou-me de outra. Bebeu. Falou-me de suas carências e esperas. - Não bebe, querida? - perguntou-me gentilmente. - Fale-me mais sobre você, disse. E me falou de uma certa ave azul, de suas esperas. De sua ode à boemia. Como podia ser tão genuíno? E de repente me identifiquei com algumas passagens daqueles contos. Não tão escancarado, é verdade. Mas de como aquilo mascarava algo maior ou não. Talvez "só a vontade de viver até a última gota"...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Talvez essa que passou tenha sido a semana mais turbulenta e deliciosa do ano. Sem muito tempo pra nada, porém muito gratificante. Trouxe dias com gostinho de brigadeiro e terminou com gosto de angústia, sabe? Uma frase só manchou TODO o estado de espírito antes leve e o transformou em nuvem pesada e carregada. E aí choveu. E aí bebeu. E se perdeu dentro de si de novo. Não quis voltar pra casa. "Pra casa". A casa a qual me refiro sou eu mesma, meu "lar interno" com aquele meu lado negro auto-destrutivo que tem raiva de tudo e que quer ferir alguém só pelo simples fato de estar doída também. Aí qualquer distração vale pra não ter que escutar a própria voz martelando uma preocupação insistente e nem tão real assim (será?) dentro da cabeça. Eu poderia usar de todas as metáforas, subterfúgios, figuras de linguagem pra descrever coisas que se tornaram claras há tempo. Mas é tão simples que seria redundante e ridículo fazer tal coisa. Ainda mais pelo tanto de palavras e coisas que outrora foram ditas/feitas. Queria ser covarde e recuar, entende? E não, eu não vou me aprofundar nesse assunto. É só que antes não me importava com esses silêncios. Antes não me importava. Um antes que agora parece meio distante. Porque havia outras coisas, sabe? Agora sobram muitos espaços vazios. Meu "lar interno" tem muitos cômodos vagos e pra ser bem sincera, às vezes, eu só quero fugir de casa. O lado bom de ser um projeto de super-heroína para os outros é ter a liberdade de poder voar pra onde quiser. Mas a um preço muito, mas muito alto. Talvez eu só precise mesmo dormir.


Boa noite, vagalumes.

domingo, 7 de novembro de 2010

Girls talking.

Conversavam sobre coisas aleatórias naquele final de domingo. Como todas as conversas que tinham, aproximavam-se cada vez mais; tinha a impressão de que já se conheciam há anos. Risadas, amores, desamores, fama de mau. Surge a raiva e uma nova pauta: o desapego. Desapegar de uma quase história, um quase futuro ou algo que nem chegou a ser escrito. Foi só fantasiado em algum outro universo paralelo. De um lado a raiva oriunda de um ciúme auto-destrutivo. De outro, uma espera que ainda se esticaria por mais alguns dias. Situações parecidas e diferentes. Sentimentos semelhantes. Pessoas semelhantes. "Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra." É isso. Nasce uma amizade. E o desapego, será mesmo uma opção? Não pra ela que ainda espera. E de repente, o celular chama urgente. Melhor esperar e deixar pra lá.




Bom início de semana, pirilampos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Se ocorre aquela ausência mesmo que por alguns instantes, vem a vontade súbita de jogar tudo pro alto; de não mais esperar nada, de não querer alimentar expectativas. Existe uma fina muralha denominada auto-defesa e nos apoiamos ali junto a jogos ambíguos, piadas e metáforas. Ali é seguro, é onde deveríamos ficar. Onde EU deveria ficar. Santa ingenuidade! Caímos (ou fui somente eu?) em uma armadilha muito bem bolada. Esteve ali o tempo todo, como um predador pronto pra atacar a presa ou, nesse caso, as presas tão vulneráveis e tolas. É ridículo que tudo que tenha vindo ou que esteja vindo de "vivo" seja vinculado a essa condição. Condição que eu nem sei se existe ou se é fantasiosa. Deve ser fantasiosa. As pessoas nada mais são do que a ideia que fazemos delas. E onde isso tudo vai parar? Melhor nem pensar. Depois vemos se pulamos do barco ou se afundamos com ele. Ou se ele continuará navegando. (Isso se entraste também nesse mesmo barco). Barco furado? Só saberemos quando um dos passageiros percorrer mais ou menos 200 quilômetros e descobrir por si só se vale a pena salvar a embarcação e continuar viagem rumo ao mar ou se seremos apenas dois náufragos à deriva...


Ao som de Iron and Wine. Calmante. Bom final de semana, pirilampos.

Quietude.

“Silêncio é uma palavra de prata.” Uma amiga escreveu há pouco. Pode ser de prata, mas vale ouro. Silêncio é diamante: não pode ser quebrado; há que ser lapidado a fim de encontrar a joia perfeita no qual se encaixe delicadamente. Silêncio é um estado de espírito. É preciso aprender a saboreá-lo, sem medo. Estar em silêncio nada mais é que se ouvir, que estar em contato com o que os demais não “ouvem”, é uma melodia sutil. Silêncio faz barulho? O meu faz: meu coração, minha respiração, o vento que faz a janela bater, a chuva fina no telhado. Preciso ficar quietinha pra me ouvir. Ouvir só os meus pensamentos sem medo ou pudor algum. Me sentir. O que será que eu mesma quero dizer pra mim? Não sei. Shhhh, silêncio!