domingo, 24 de outubro de 2010

23/10/2010

Só quando eu me encontro assim, nessa inquietude frenética, é que percebo o quanto somos um tanto patéticos ao tentar nos prostrar de alguns sentimentos ou sensações. Ou até o quanto temos a misteriosa capacidade de fazer pequenos pactos com nós mesmos; tratados que são quebrados com a mesma facilidade com que são criados. Eles vêm quase sempre acompanhados da velha desculpa de evitar traumas como os do passado, fazer com que criemos um lugar “seguro” longe de desilusões que tendem a deixar feridas que demoram um longo tempo pra cicatrizar. Seria mesmo o tempo o bálsamo curativo de tais chagas? Talvez. Uma das poucas coisas de que tenho certeza é que à medida que algumas pessoas e emoções são varridas de nossas vidas, outras vão substituindo o seu papel, ajudando a reescrever um roteiro muitas vezes desgastado e sem cor. E tem coisas que ultimamente andam trazendo cor até demais. Tanto que chega a deixar o estômago cheio de borboletas – coloridas, claro – se debatendo pra lá e pra cá levando essa confusão ao cérebro e consequentemente ao coração. O que? Coração? Sim, isso mesmo. Esse músculo cardíaco que durante um ano só servia pra bombear sangue, agora suspira. De novo. E aqueles pactos que fizeste? Lembra? Eu disse, foram feitos para serem quebrados. Ninguém consegue permanecer indiferente por muito tempo. Ainda mais nós, seres humanos inconstantes que somos! Quando vemos estamos aqui, sentados, as mãos suando e essa coisa dentro do peito que acelera mais e mais num ritmo difícil de controlar. Tentamos conter algo que foi crescendo e agora transborda; algo à prova de qualquer barricada que possa, eventualmente, ser (re)construída. Evitamos, falamos o tão famoso “nunca mais”, fugimos, choramos, brigamos com nós mesmos em vão. Porque o estado de latência passa um dia. E o que se há de fazer senão admitir pra si mesmo que tem algo de novo crescendo onde antes havia somente amargura? Ou pior: um lugar ermo, um vácuo ou qualquer coisa do gênero. Ver a muralha que construíste cair pouco a pouco, o calabouço no qual trancafiaste um de teus bens mais preciosos ser invadido por algo mais astuto e traiçoeiro. Algo despertou. A fortaleza que demorou tanto tempo pra ser construída fora atingida por uma bola de canhão. Não há nada a fazer senão entrar outra vez no campo de batalha. Os soldados do meu exército caíram. As trincheiras estão em chamas...

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