domingo, 22 de julho de 2012

Pra ti

Todas as vezes em que o reencontrei não consegui esconder minha surpresa. Era como se um passado convidativo estivesse estampado naquele sorriso perfeito. Os olhos ainda tinham o mesmo brilho e a mesma vivacidade de quando tínhamos dezessete anos. Era como se a minha melhor idade tivesse sido trazida de volta por uma brisa suave e calma. E ele estava ali, naquele lugar, na minha frente. De novo. Como das outras vezes fiquei nervosa e não sabia como me comportar, nem o que dizer. Porém, tenho absoluta certeza de que teria tido uma qualidade melhor se minha surdez não atrapalhasse e aquela banda horrorosa não tivesse começado a tocar naquele exato momento. Atônita, apenas respondia as perguntas do jeito mais sincero que eu consegui. Fiquei sem jeito quando tu disse que lia o que escrevo e que catalogo como devaneios. Não sei se conseguia disfarçar meu nervosismo diante daquele que foi o primeiro de todos. Primeiro de muitas coisas. Se eu conseguisse esboçar qualquer palavra que fizesse sentido te diria que a parte (boa) do que sou hoje veio de você. Que foi você quem me mostrou Kerouac, Bukowski e Cascavelletes. Você não sabe, mas foi. E isso mudou minha vida e fez com que eu conhecesse coisas e pessoas que eu não imaginava conhecer. E que eu lembro do primeiro álbum da Mallu Magalhães que ouvíamos juntos e das tuas poesias. Também lembro de algumas coisas, só não consigo dizer. Talvez dissesse se aquele café não tivesse ficado pra história. Ficou para a história como aquele livro, aquelas cartas e a melhor versão de mim mesma sem toda essa bagunça em que me transformei. Dizem que quando o passado volta é perigoso, mas não concordo. Não quando ele só nos faz essas visitas esporádicas. Para nos lembrar do melhor que éramos e do melhor que poderíamos ser. Revigora. E essa mesma sensação vai percorrer cada centímetro do meu corpo toda vez que isso acontecer. Eu era tão melhor quando éramos só guris...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Triste saber o antídoto para tudo de nocivo, venenoso e mortal que existe em nós e não querer tomá-lo. É como deixar-se afogar e não tentar sequer nadar contra a forte correnteza. Porque é mais fácil. Porque cansa. A vida cansa. Cansa apelar. Cansa chorar. As pessoas cansam. A saudade cansa. O frio mata. Aquele abraço nunca vem. E o amor? O amor é como um vestido que foi feito sob medida e que todo mundo ganhou. Menos eu.