Há quase dois meses fica difícil dormir. Minha ansiedade agora afeta não só minha mente, mas meu corpo também. Andei doente e precisei de cuidados. Não tive. Ao invés de afagos e carinhos, entreguei-me à toda e qualquer possibilidade de festividades que incluissem álcool, obviamente.
Sei que não deveria reclamar tanto, visto que as agressões das quais sou vítima são causadas por mim mesma; resolvi parar de culpar o mundo e as pessoas por isso. Apesar desse "amadurecimento", não me vejo como uma pessoa melhor. Assumir minhas vontades fez com que eu me perdesse mais do que me encontrasse e isso só faz aumentar minha ansiedade. E todos os malefícios causados por ela. Castigo infinito por achar que sei cuidar de mim mesma e que sei lidar com as confusões sentimentais em que me meto.
Joguei fora toda a autoestima reconstruída nesses últimos dois anos. Fui até o fundo do poço de mim mesma só para sentir qualquer coisa: nem que fosse uma dor imensa por não saber o que fazer com meus pecados. Entreguei-me a toda quase possibilidade de relacionamento abrindo mão do que eu realmente acredito. Deixei que algumas coisas voltassem e, inevitavelmente, isso fez com que eu cutucasse suturas de feridas que eu nem lembrava que existiam. Esqueci-me de que esses "quases" sempre trazem consigo "nadas" infinitos, todos eles sempre prontos pra aumentar ainda mais o vácuo que há dentro de cada um de nós. Ou só de mim.
Agonia por não saber onde me encontro. Não há mais disfarces e por vezes o desespero transparece nas horas e situações mais impróprias. Prometi a mim mesma que perder a pessoa que eu mais amei na vida há dois anos não justificaria nenhum de meus futuros desacertos. Embora precise admitir aqui que a morte de uma pessoa querida nos transforma de muitas maneiras e nem sempre elas são boas. Sempre penso estar envergonhando-a, mesmo que ela não esteja mais nesse plano para me dar um (merecido) puxão de orelha.
Estou cada vez mais ciente de que o que ainda me mantém de pé são as poucas pessoas que faço questão de manter em minha vida. Se por um lado "uso" outras para me agredir, por outro tenho outras para me ajudar a ver o que não consigo. E vai ser sempre assim. Às vezes é preciso que os outros nos lembrem das nossas capacidades: seja de amar, seja de superar algo doloroso, seja de ser uma pessoa melhor. Acredito cada vez mais que seguir o coração não é errado. Mas a linha entre utopia e realidade é tênue e recheada de ilusões sedutoras. É aí que me perco: numa busca incessante por amor e aceitação, tropeçamos em nossos próprios desejos, anseios e, por que não, no passado. Colocamos tudo a perder, mesmo que nada tenha existido desde o começo.
Passei a não temer mais o futuro por um simples motivo: ele não existe. O futuro é aqui e agora. Como disse certa vez, dizer mais "não" pouparia-me um imenso sofrimento cada vez que deparo-me com esse impasse, com esse excesso de coisas que não dão em nada. Começo a acreditar que coisas boas acontecem conosco por merecimento e nesse momento eu pareço não merecer. Falta amor, eu sei. Mas como fazer quando todo mundo te julga autosuficiente nesse departamento? Os fiz acreditar, agora paciênca; contento-me com outros exemplares dele. Menos intensos, porém igualmente verdadeiros.
Não fui feita para choramingar ou para ligar para as opiniões de pessoas que julgam ter vidas perfeitas de comercial de margarina. Disseram-me que sou introspectiva demais. E sou mesmo, isso nunca me causou mal. O que apodrece o lado bom da gente, são essas tentativas quase suicidas de mergulhar em coisas incertas só pra sentir qualquer coisa. E esse meu "novo eu", mais comedido e mais maduro, quer parar. Ele diz chega quando eu não consigo. Sim, uma esquizofrenia. Como se não bastasse ser uma pessoa diferente a cada semana que passa.
Tentarei, de qualquer forma. Tentarei não reclamar. Tentarei fazer as pazes comigo mesma. Por ora só me resta encerrar este ensaio-desabafo com essas sentenças iniciadas por verbos no futuro do presente. Nada faria mais sentido.
I've been up for days
Trying to find a way to write this confession down
Seems every line I write is a mess
At least this I'll admit